ATA DA DÉCIMA SEGUNDA SESSÃO ORDINÁRIA DA TERCEIRA
SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA TERCEIRA LEGISLATURA, EM 19-3-2003.
Aos dezenove dias do mês de março de dois mil e três,
reuniu-se, no Plenário Otávio Rocha do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal
de Porto Alegre. Às quatorze horas e quinze minutos, foi realizada a segunda
chamada, sendo respondida pelos Vereadores Aldacir Oliboni, Beto Moesch, Ervino
Besson, João Antonio Dib, João Carlos Nedel, Juarez Pinheiro, Marcelo Danéris,
Margarete Moraes, Pedro Américo Leal, Raul Carrion, Reginaldo Pujol, Renato
Guimarães e Zé Valdir. Ainda, durante a Sessão, compareceram os Vereadores
Almerindo Filho, Carlos Alberto Garcia, Carlos Pestana, Cassiá Carpes, Cláudio
Sebenelo, Clênia Maranhão, Darci Campani, Dr. Goulart, Elias Vidal, Elói
Guimarães, Isaac Ainhorn, João Bosco Vaz, Luiz Braz, Maria Celeste, Maristela
Maffei, Nereu D'Avila, Sebastião Melo, Valdir Caetano e Wilton Araújo.
Constatada a existência de quórum, o Senhor Presidente declarou abertos os
trabalhos e determinou a distribuição em avulsos de cópias das Atas da Quinta e
Sexta Sessões Ordinárias, que foram aprovadas. À MESA, foram encaminhados: pelo
Vereador Aldacir Oliboni, a Emenda nº 01 ao Projeto de Lei do Legislativo nº
016/03 (Processo nº 0855/03); pelo Vereador Beto Moesch, 02 Pedidos de
Providências; pelo Vereador Carlos Alberto Garcia, 14 Pedidos de Providências;
pelo Vereador Cassiá Carpes, 01 Pedido de Providências e 01 Substitutivo ao
Projeto de Lei do Legislativo nº 041/92 (Processo nº 0725/92); pelo Vereador
Ervino Besson, 03 Pedidos de Providências; pelo Vereador João Antonio Dib, o
Projeto de Lei do Legislativo nº 024/03 (Processo nº 1106/03); pelo Vereador
João Carlos Nedel, 17 Pedidos de Providências e o Pedido de Informações nº
043/03 (Processo nº 1169/03); pelo Vereador Reginaldo Pujol, 01 Pedido de
Providências; pelo Vereador Sebastião Melo, os Pedidos de Informações nºs 040,
041 e 042/03 (Processos nºs 1128, 1129 e 1130/03, respectivamente). Também, foi
apregoado o Ofício nº 006/03, do Vereador João Antonio Dib, Presidente da
Câmara Municipal de Porto Alegre, informando que a Vereadora Maria Celeste
representará externamente esta Casa em Sessão Solene em homenagem ao Dia
Internacional da Mulher, a ser realizada às quatorze horas de hoje, na
Assembléia Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul. Ainda, foram apregoados
Requerimentos, de autoria do Vereador Dr. Goulart, deferidos pelo Senhor
Presidente, solicitando o desarquivamento dos Projetos de Lei do Legislativo
nºs 168, 180, 197, 206, 217 e 285/01, 011 e 017/02 (Processos nºs 2512, 2688,
2976, 3034, 3140 e 4240/01, 0271 e 0468/02, respectivamente). Do EXPEDIENTE,
constaram: Ofícios n°s 143/02, do Senhor José Pereira da Silva, Diretor do
Departamento de Gestão do Fundo Nacional de Assistência Social do Ministério da
Previdência e Assistência Social; 3594/02, do Senhor Gilberto Chiapinotto,
Gerente de Desenvolvimento Urbano da Caixa Econômica Federal – CEF; 001/03, do
Vereador Leão Eusébio Bermudez, Presidente da Câmara Municipal de Chuí – RS;
001/03, do Vereador Afonso Jr. Engler, Presidente da Câmara Municipal de
Tenente Portela – RS; 002/03, do Vereador Adélio Bergamo, Presidente da Câmara
Municipal de Gramado – RS. Após, o Senhor Presidente concedeu a palavra, em
TRIBUNA POPULAR, ao Senhor Devanir Camargo da Silva, Presidente do Sindicato
dos Bancários de Porto Alegre e Região, que enfatizou a importância da Câmara
Municipal de Porto Alegre no processo de criação de leis de interesse de
funcionários e clientes da rede bancária. Também, afirmou existir, por parte de
alguns banqueiros, desconsideração em relação à legislação municipal e opinou
ser a prevenção aos assaltos em bancos uma questão de segurança pública. Na
ocasião, nos termos do artigo 206 do Regimento, os Vereadores Juarez Pinheiro,
Pedro Américo Leal, Cassiá Carpes, Reginaldo Pujol, Cláudio Sebenelo, Carlos
Alberto Garcia, Isaac Ainhorn, Raul Carrion e Wilton Araújo manifestaram-se
acerca do assunto tratado durante a Tribuna Popular. Em seguida, foi apregoado
o Ofício nº 008/03, do Vereador João Antonio Dib, Presidente da Câmara
Municipal de Porto Alegre, informando que a Vereadora Maria Celeste
representará externamente esta Casa em solenidade de instalação da Comissão de
Representação Externa pela Paz, a ser realizada às dezesseis horas de hoje, na
Assembléia Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul. Em PAUTA, Discussão
Preliminar, estiveram: em 1ª Sessão, os Projetos de Lei do Legislativo nºs 018
e 014/03, este discutido pelos Vereadores João Carlos Nedel, Renato Guimarães,
Aldacir Oliboni e Zé Valdir, e 016/03, discutido pelos Vereadores Renato
Guimarães e Aldacir Oliboni, os Projetos de Lei do Executivo nºs 008 e 009/03,
este discutido pelos Vereadores João Carlos Nedel, Reginaldo Pujol e Renato
Guimarães; em 2ª Sessão, os Projetos de Resolução nºs 012 e 013/03, o Projeto
de Lei do Legislativo nº 134/01, os Projetos de Lei do Executivo nºs 006, 007,
010, 011 e 013/03. Na ocasião, constatada a existência de quórum, foram
aprovados os seguintes Requerimentos: de nº 063/03 (Processo nº 1195/03 – Solicitam
autorização para representarem externamente este Legislativo no III Congresso
do Direito Ambiental, a realizar-se nos dias dois a quatro de abril do corrente,
em Gramado – RS, com percepção de taxa de inscrição e diária), de autoria dos
Vereadores Beto Moesch e Wilton Araújo; de nº 038/03 (Processo nº 0968/03 –
Constituição de Comissão Especial para estudo dos temas Combate à Fome e
Segurança Alimentar), de autoria do Vereador Marcelo Danéris; de nº 047/03
(Processo nº 1124/03 – Período de Comunicações para comemoração do sexagésimo
aniversário do Levante do Gueto de Varsóvia), de autoria do Vereador Isaac
Ainhorn. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Sebastião Melo reportou-se à
reunião da Comissão de Saúde e Meio Ambiente ocorrida ontem, no Bairro Belém
Novo, a qual tratou de problemas verificados na qualidade das águas das praias
do Bairro. Ainda, relatou casos de doenças provocadas em banhistas nesses
locais e cobrou a remessa, pelo Departamento Municipal de Água e Esgotos –
DMAE, de laudos técnicos sobre o assunto. O Vereador Cassiá Carpes referiu-se a
denúncias recebidas pela Comissão de Defesa do Consumidor e Direitos Humanos,
acerca de irregularidades na comercialização de lotes existentes na Zona Leste
da Capital pela Cooperativa Habitacional Manchester Limitada. Também,
manifestou-se sobre evento realizado na manhã de hoje no Sindicato dos Lojistas
do Comércio de Porto Alegre – SINDILOJAS, onde foram tratadas questões
atinentes à segurança pública. O Vereador Raul Carrion convidou os presentes
para prestigiarem, às dezesseis horas de hoje, na Esplanada da Assembléia
Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul, ato em defesa da paz mundial.
Ainda, comentou proposta de sua autoria, entregue à Secretaria Municipal de
Educação, cujo objetivo é a melhoria do ensino médio no Município, com a criação
de centros tecnológicos avançados que possibilitem o desenvolvimento integral
do aluno. O Vereador Reginaldo Pujol, enfocando notícia publicada hoje no
jornal Correio do Povo, manifestou sua preocupação quanto à intenção do Governo
Federal de enviar ao Congresso Nacional, até o final do mês de abril do corrente,
proposta de reformas na Previdência Social, com a expectativa de que seja
votada ainda em dois mil e três. Nesse sentido, propugnou pelo aprofundamento
nas discussões do referido projeto, a fim de que a sociedade seja melhor esclarecida
sobre o tema. O Vereador Dr. Goulart, pronunciando-se sobre as negociações em
torno da greve dos funcionários municipais da saúde, criticou mensagem de
correio eletrônico dirigida aos coordenadores de unidades de saúde do
Município, acerca do cumprimento da carga horária integral de trabalho, onde é
dada a orientação para que esse documento não seja impresso ou afixado em local
público, o que, segundo Sua Excelência, significa uma repressão contra os
servidores da área da saúde. O Vereador Beto Moesch teceu considerações sobre a
liberação oficial das praias do Bairro Belém Novo ao público em janeiro do
corrente, referindo-se à visita feita ontem àquela região por representantes
deste Legislativo e de outros órgãos, a fim de avaliar a situação dos
balneários no local. Também, afirmou estar encaminhando documentos ao
Ministério Público Estadual, relativamente a problemas causados à população
pela liberação daquelas praias ao banho. O Vereador Renato Guimarães replicou
as informações trazidas à Tribuna pelo Vereador Dr. Goulart, no que se refere
ao encaminhamento da Secretaria Municipal da Saúde no caso do cumprimento dos
horários de trabalho pelos servidores da saúde. Ainda, tratou das reformas
previdenciárias pretendidas pelo Governo Federal, referiu-se às discussões
sobre a balneabilidade das praias do Lago Guaíba e repudiou a intenção dos
Estados Unidos da América em invadir o Iraque. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o
Vereador Wilton Araújo, avaliando os fatos que determinaram o final da greve
dos servidores da saúde no Município de Porto Alegre, afirmou que a edição do
Decreto Municipal nº 14.137/03 se constituiu, segundo Sua Excelência, num logro
ao acordo firmado entre o Executivo Municipal e os referidos servidores. Ainda,
denunciou ocorrências, no âmbito daquela Secretaria, que tipificou como atos de
perseguição pós-greve. O Vereador Luiz Braz, reportando-se ao discurso do
Vereador Renato Guimarães, em Comunicação de Líder, relativamente a ações
governamentais do ex-Presidente da República, Senhor Fernando Henrique Cardoso,
avaliou ações do governo do Senhor Luiz Inácio Lula da Silva. Nesse sentido,
perquiriu a implementação do Programa Fome Zero e notícias relativas à
prioridade, que seria concedida por parte do Governo Federal, na construção de
submarino nuclear. A seguir, constatada a existência de quórum, foi iniciada a
ORDEM DO DIA. Em Discussão Geral e Votação Nominal, foi rejeitado o Projeto de
Lei Complementar do Legislativo nº 022/01, considerando-se mantido o Veto
Parcial a ele aposto, por sete votos SIM, quatorze votos NÃO e duas ABSTENÇÕES,
após ser encaminhado à votação pelos Vereadores Ervino Besson, Luiz Braz,
Reginaldo Pujol, Juarez Pinheiro, Isaac Ainhorn, Sebastião Melo e João Antonio
Dib, tendo votado Sim os Vereadores Cassiá Carpes, Cláudio Sebenelo, Elias
Vidal, João Antonio Dib, Luiz Braz, Nereu D'Avila e Reginaldo Pujol, Não os
Vereadores Aldacir Oliboni, Beto Moesch, Carlos Pestana, Ervino Besson, Isaac
Ainhorn, João Carlos Nedel, Juarez Pinheiro, Marcelo Danéris, Maria Celeste,
Maristela Maffei, Pedro Américo Leal, Renato Guimarães, Wilton Araújo e Zé
Valdir e tendo optado pela Abstenção os Vereadores Dr. Goulart e Sebastião
Melo. Na ocasião, o Senhor Presidente prestou esclarecimentos a respeito da
apreciação da matéria constante na Ordem do Dia. Também, foi apregoado
Requerimento da Vereadora Clênia Maranhão, solicitando Licença para Tratamento
de Saúde, nos dias dezenove e vinte de março do corrente. Em Discussão Geral e
Votação Nominal, esteve o Projeto de Lei Complementar do Executivo n° 004/02,
com Veto Parcial, que foi discutido pelos Vereadores Marcelo Danéris, Reginaldo
Pujol, Luiz Braz, Isaac Ainhorn, Darci Campani, Beto Moesch, Juarez Pinheiro e
João Carlos Nedel. Durante a apreciação do Projeto de Lei Complementar do
Executivo n° 004/02, os Vereadores Pedro Américo Leal e Zé Valdir cederam seus
tempos de discussão, respectivamente, aos Vereadores Luiz Braz e Darci Campani.
Às dezoito horas e vinte e um minutos, constatada a inexistência de quórum, o
Senhor Presidente declarou encerrados os trabalhos, convocando os Senhores
Vereadores para a Sessão Ordinária de amanhã, à hora regimental. Os trabalhos
foram presididos pelos Vereadores João Antonio Dib, Elói Guimarães e Luiz Braz
e secretariados pelos Vereadores Maria Celeste, Ervino Besson e Elói Guimarães,
este como Secretário “ad hoc”. Do que eu, Maria Celeste, 1ª Secretária,
determinei fosse lavrada a presente Ata que, após distribuída em avulsos e
aprovada, será assinada por mim e pelo Senhor Presidente.
O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Passamos à
O
Sr. Devanir Camargo da Silva, representando o Sindicato dos Bancários de Porto
Alegre e Região, está com a palavra, para tratar de assunto relativo à
segurança dos bancários, pelo tempo regimental de 10 minutos.
O SR. DEVANIR CAMARGO DA SILVA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, Sr.as
Vereadoras, companheiros do Sindicato e da Federação dos Bancários, senhoras e
senhores, ocupo com muita satisfação esta Tribuna Popular em nome do Sindicato
dos Bancários de Porto Alegre e Região no momento em que estamos comemorando 70
anos de história. Fundado em 18 janeiro de 1933, o Sindicato possui uma
trajetória de lutas e conquistas, sempre defendendo os direitos dos
trabalhadores, dialogando com a população, afirmando a cidadania e construindo
uma sociedade mais justa e solidária. Estou aqui para falar de segurança
bancária, um assunto que interessa não somente à categoria, mas também ao Poder
Público e à comunidade. Antes de tudo, quero dizer que me sinto muito à vontade
nesta Casa. Aqui o Sindicato conquistou apoio e solidariedade, estabelecendo
importantes parcerias com a Câmara de Vereadores, que resultaram na aprovação
de importantes leis municipais em benefício dos bancários, vigilantes, clientes
e usuários de bancos. Lembro-me da chamada Lei das Filas, do Ver. Juarez
Pinheiro, que reduz o tempo de espera na fila dos bancos até 30 minutos em dias
normais e até 45 minutos antes ou depois de feriados prolongados. Essa Lei está
em vigor, apesar dos recursos judiciais dos banqueiros. Lembro-me também da Lei
da ampliação do horário bancário - das 9h às 17h -, do Ver. Nereu D’Avila. A
Lei não está em vigor por causa de uma decisão judicial, obtida pelos bancos,
mas a Procuradoria-Geral do Município recorreu ao Superior Tribunal de Justiça.
Hoje,
porém, quero pedir o apoio dos Srs. Vereadores e das Sr.as
Vereadoras para a luta da categoria por mais segurança nos bancos da Capital.
Não podemos aceitar o descaso dos banqueiros com a vida dos bancários,
vigilantes, clientes e usuários.
Todas as semanas, a imprensa divulga a ocorrência de assaltos em agências e postos de serviços bancários. Na véspera do Natal de 2002, uma quadrilha assaltou o espaço de auto-atendimento da agência Moinhos de Ventos do BANRISUL. Clientes, um vigilante e uma estagiária foram baleados.
A
Professora Naira Beckmann, de 47 anos, que fora ao banco sacar um dinheirinho
para viajar, não resistiu aos tiros e faleceu antes da chegada do Ano-Novo. Se
o banco tivesse instalado a porta giratória de segurança na entrada principal
da agência, a tragédia poderia ter sido evitada.
Chega
de vítimas inocentes. Os bancos precisam investir mais em segurança. Para eles,
dinheiro não é problema. Os banqueiros fecharam os balanços de 2002 com lucros
astronômicos. O Santander Banespa lucrou 2.818 bilhões de reais. O Itaú obteve
um lucro de 2.300 bilhões de reais. O Banco do Brasil lucrou 2.028 bilhões de
reais. O Bradesco conseguiu um lucro de 2.023 bilhões de reais. A Caixa
Econômica Federal lucrou 1.081 bilhões de reais.
Com
esses resultados de 2002, aliás, os maiores registrados no Governo Fernando
Henrique Cardoso, os bancos não têm desculpa para não respeitarem as leis
municipais aqui aprovadas que tratam de segurança bancária.
Quero
destacar a Lei de autoria do Ver. Adeli Sell, hoje Secretário da SMIC, que
obriga os bancos a instalarem câmeras de vídeo nas agências e caixas
eletrônicos. A Lei foi contestada judicialmente pelos banqueiros, mas está em
vigor.
Desde
janeiro, logo após tomar posse, o Secretário tem feito um trabalho intenso de
fiscalização, que não pode parar. Tomamos conhecimento que os bancos pediram um
prazo de 120 dias para adequarem suas agências, mas o Secretário acertadamente
não concedeu.
Essa
legislação é de 1998, isto é, há cinco anos. Foi tempo suficiente para os
bancos instalarem câmeras de vídeo e outros equipamentos de segurança. Na
realidade, com esse novo prazo, eles queriam ganhar tempo, escapar das multas e
paralisar a ação fiscalizadora do Poder Público. Por isso agiu certo o
Secretário da SMIC. A segurança não pode esperar na fila.
Também
quero destacar aqui a Lei Municipal, de autoria do Executivo, aqui aprovada em
1994, que obriga as agências e postos de serviços a instalarem portas
giratórias de segurança em todos os acessos destinados ao público. Por sinal,
Porto Alegre foi a primeira cidade brasileira a ter esta legislação, o que
valoriza esta Casa, sempre aberta aos clamores da sociedade.
Mais
uma vez, os banqueiros promoveram uma batalha jurídica, apelando até aos
tribunais superiores, mas sem êxito. Graças a essa Lei e à competente defesa da
Procuradoria-Geral do Município, as portas eletrônicas são hoje uma realidade
em Porto Alegre. Apesar do desconforto, elas inibem assaltos e garantem mais
segurança para quem trabalha e para quem utiliza os serviços bancários.
Entretanto,
muitos bancos estão burlando essa importante Lei Municipal. Várias agências não
colocam a porta giratória na entrada principal, deixando o espaço de
auto-atendimento desprotegido, facilitando a ação de delinqüentes. Diversos
assaltos já ocorreram no auto-atendimento, muitos acobertados pelos bancos e,
por isso, não divulgados pela imprensa.
Essa
situação irregular motivou a direção do Sindicato a pedir uma fiscalização da
Prefeitura, a fim de assegurar o cumprimento da Lei. O resultado foi a
publicação, no dia 26 de novembro do ano passado, de um edital de notificação
pela Prefeitura, dando um prazo de 90 dias para os bancos adequarem a colocação
das portas eletrônicas.
Novamente,
muitos bancos não tomaram as devidas providências e, desde o final de
fevereiro, o Secretário da SMOV, Ver. Guilherme Barbosa, iniciou um trabalho de
fiscalização, autuando e multando as agências infratoras.
Sr.
Presidente, Sr.as Vereadoras e Srs. Vereadores, nós precisamos somar
esforços para que haja mais segurança nos bancos. Não podemos ficar omissos
diante dos riscos de vida que bancários, vigilantes, clientes e usuários enfrentam
diariamente. Os bancos precisam respeitar as leis municipais e, assim como
investem em automação, têm de destinar parte de seus lucros para proteger a
vida das pessoas que trabalham e buscam atendimento nas agências bancárias.
O Sindicato dos Bancários está aberto ao diálogo para construir iniciativas em defesa da segurança nos bancos. Queremos, inclusive, dialogar com os bancos. Em janeiro protocolamos um pedido de reunião com o Sindicato dos Bancos no Estado do Rio Grande do Sul; infelizmente até agora não fomos recebidos.
A
segurança nos bancos é também um problema de segurança pública. O Sindicato dos
Bancários pediu, em janeiro, uma audiência ao Secretário Estadual da Justiça e
Segurança, José Otávio Germano, mas ainda não fomos recebidos. Avaliamos que a
Polícia Civil e a Brigada Militar poderiam vistoriar as agências bancárias,
objetivando a melhoria das instalações e a prevenção de assaltos.
Nós
propomos, ainda, um seminário sobre segurança bancária, através da Secretaria
Municipal de Direitos Humanos e Segurança Urbana, hoje comandada pela Ver.ª
Helena Bonumá, para realizarmos um grande debate, convidando todos os setores
envolvidos da sociedade, como o Banco Central, o Sindicato e a Associação dos
Bancos, a Secretaria da Justiça e da Segurança, a Brigada Militar, a Polícia
Civil, a Polícia Federal, a Câmara de Vereadores, a Prefeitura, a SMIC, a SMOV,
o Sindicato, a Federação e a Confederação Nacional dos Bancários.
Para
nós, bancários e bancárias, a vida deve ser protegida. Os trabalhadores estão
cansados de viver em perigo. Além disso, os clientes merecem um atendimento à
altura dos juros e das tarifas que pagam. Chega de insegurança nos bancos e na
sociedade. Vamos defender a vida, porque a vida está acima do lucro! Muito
obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Juarez Pinheiro está com a
palavra nos termos do art. 206 do Regimento.
O SR. JUAREZ PINHEIRO: Sr. Presidente, Sr.as
Vereadoras e Srs. Vereadores, em nome da Bancada do Partido dos Trabalhadores,
nós queremos saudar o Sindicato, no momento em que completa os seus 70 de muita
luta, luta em favor da categoria, luta que transcende a categoria na luta institucional e também a
relação que estabeleceu, de grande qualidade, com esta Câmara de Vereadores.
Poderíamos
emblematizar a intervenção do companheiro Presidente com a frase que ele disse
ao final: “A vida está acima do mercado.” Junto com esta Câmara de Vereadores,
o Sindicato construiu inúmeras legislações ressaltadas pelo Presidente, como a
Lei das Filas, a Lei das Tarifas, a Lei do Ver. Nereu D’Avila sobre o horário
bancário e a Lei que foi encaminhada pelo Executivo sobre as portas de
segurança giratórias.
Nós
queremos dizer que Porto Alegre tem sido, na verdade, a vanguarda, em nível
nacional, dessas legislações frente a esses estabelecimentos monstruosos que
têm tido lucros fabulosos. A maior fonte de lucro hoje no País e no mundo são
os bancos. No Brasil, por exemplo, com o Plano Real, o ganho com as tarifas
bancárias, que divergem entre um banco e outro, é de até 2.000% de diferença
para o mesmo serviço.
Ultimamente,
o Ver. Pedro Américo Leal aprovou também uma Lei que obriga – é o tema da
intervenção do Presidente – a colocação em postos de auto-atendimento de um
segurança ou limitando o horário.
O
que o Sindicato dos Bancários traz aqui hoje é o descumprimento por essas
instituições, principalmente das leis que tratam das câmaras de vídeo e da
porta de segurança obrigatória. Temos verificado que nas agências bancárias as
portas de segurança são colocadas depois do espaço para o auto-atendimento,
gerando, aí, uma série de problemas. Uma coisa que o Presidente não mencionou
foi a questão das lotéricas, que hoje funcionam como bancos expondo a
população, os trabalhadores e os seus clientes.
Essas
providências colocadas aqui pelo Sindicato dos Bancários, na sua luta, exigem
de nós uma grande reflexão, pois são vidas de trabalhadores, de usuários que
passam por esses estabelecimentos expondo-se a riscos. Esses estabelecimentos
precisam cumprir as Leis que foram constituídas nesta Casa, que são legais,
como diz o nosso Presidente, regimentais e constitucionais, e que já receberam
a guarida do Poder Judiciário. É inadmissível que esses estabelecimentos
continuem colocando em risco a vida dos cidadãos.
Parabéns
ao Sindicato e a todos os companheiros que acompanham o Presidente! Muito
obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PEDRO AMÉRICO LEAL: Sr. Presidente do Sindicato dos
Bancários, quero dizer a V. S.ª que, em matéria de segurança pública, neste
Brasil, tudo é improvisado. Eu tenho 45 anos de segurança pública, estudando o
que posso, posso dizer que tudo é improvisado. Tudo! A política facilita a
improvisação! Os culpados são os políticos!
E,
ao dizer isso a V. S.ª, lamento que a parte fraca, que é o público, que é o
povo, fique exposto a essa improvisação, e essa desinformação das autoridades,
que são improvisadas, e, então, nos traz aqui seu Sindicato a pedir socorro. O
sistema financeiro nem o recebe! A Secretaria de Segurança também não!
Então,
está provado: a improvisação domina a área nacional! Não é estadual! Tudo é
improvisação! É improvisado, e pelos políticos, o que é pior! Pelos políticos!
E,
ao dizer isso, acrescento ao que disse o meu companheiro, Ver. Juarez Pinheiro,
quando V. S.ª lembrou das agências lotéricas. Aí, então, a coisa se transforma
numa verdadeira orgia de improvisação! Não sei por que, na ânsia de ganhar
dinheiro, eles realizam essa dupla improvisação, agora, as agências lotéricas!
Não há nenhuma segurança, fica-se olhando pela vidraça da loja, quando vai
entrar o dinheiro, e se assalta! E fica por isso mesmo. São foragidos, são
homens na condicional que estão fazendo isso! Muito obrigado.
(Revisto
pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Cassiá Carpes está com a palavra
nos termos do art. 206 do Regimento.
O SR. CASSIÁ CARPES: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, é uma
satisfação tê-lo aqui, Sr. Devanir Camargo da Silva, Presidente do Sindicato
dos Bancários de Porto Alegre e Região. Quero dizer que eu já presenciei, sem
querer, um assalto dessa natureza em caixa de auto-atendimento, num banco no
Bairro Teresópolis. Local onde todo mundo entra no banco, nos locais de caixas
de auto-atendimento, e uma senhora de idade foi pega desprotegida,
desprevenida, e eu vi a saída desse cidadão que assaltava, naquele momento,
entre as 19h, 20h. Portanto, realmente confirmo que não há segurança nenhuma. E
até as estatísticas não mostram o que é a realidade na Cidade. Até porque o
banco está preocupado, como V. Ex.ª disse, com o capital e não com o cliente no
aspecto de segurança. Portanto, a nossa solidariedade nesse trabalho do
Sindicato. Obrigado pela sua presença.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Reginaldo Pujol está com a
palavra nos termos do art. 206 do Regimento.
O SR. REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente, antes de mais nada, eu
quero saudar o representante do Sindicato dos Bancários, o seu Presidente, Sr.
Devanir Camargo da Silva, a quem já tive a oportunidade de cumprimentar antes
de ele assumir a tribuna, pela forma respeitosa e organizada com que ele aqui
comparece, dando-nos, de antemão, uma cópia da sua manifestação, o que nos
enseja a possibilidade de não precisar solicitar posteriormente que a
Taquigrafia nos informe. Aliás, por ter lido e acompanhado a manifestação do
Presidente do Sindicato dos Bancários de Porto Alegre, eu observo que há alguns
itens, na sua parte final, com os quais nós temos de, imediatamente, nos
ocupar.
Lamenta
o representante dos bancários que até o presente momento não tenha o Sindicato
sido atendido em audiência pelo Secretário de Segurança Pública do Estado do
Rio Grande do Sul. Eu não sou correligionário do Secretário José Otávio
Germano, mas privo de bom relacionamento pessoal com ele, e quero, desde já, me
colocar à sua disposição para tentar, com a brevidade de tempo que se impõe,
colocá-los na frente do Secretário, para, dessa forma organizada que os
senhores demonstraram hoje aqui, ser colocado esse problema, onde se tem
possibilidade de algumas providências dessa ordem.
De
outra banda, eu penso que é muito importante que a Comissão de Direitos Humanos
e de Defesa do Consumidor da Casa atente para a proposta da organização de um
seminário com várias entidades envolvidas no processo, o que seria, no meu
entendimento, uma medida altamente ajuizada, adequada e, sobretudo, conseqüente
para o enfrentamento dessa situação.
Ao final, quero cumprimentá-lo, mais uma vez,
pela maneira com que expôs o problema aqui para a Casa, maneira que nos leva,
inevitavelmente, a nos somar em solidariedade ao movimento dos bancários de
Porto Alegre. Tenha V. S.ª a certeza de que não lhe faltará nesta Casa apoio
concreto para levar adiante esse trabalho que – como diz muito bem – é muito
mais a defesa dos usuários do sistema bancário da Cidade do que propriamente
dos bancários, que já merecem ser protegidos. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Cláudio Sebenelo está com a
palavra nos termos do art. 206 do Regimento.
O SR. CLÁUDIO SEBENELO: Dr. Devanir, queria-lhe dar os parabéns,
em nome do PSDB, da minha Bancada, em meu nome e do Ver. Luiz Braz, pela forma
com que o senhor se apresentou nesta Casa, antecipando o discurso que o senhor
ia fazer e que de uma forma muito didática nos expôs. Fez-me lembrar Bernard
Shaw, grande pensador inglês, que dizia que “não há nenhuma diferença entre
abrir um banco e assaltar um banco”. Hoje há uma grande diferença: a vida das
pessoas, dos funcionários e dos clientes.
Nós
chegamos ao cúmulo de os próprios bancos acobertarem a existência de assaltos
para não serem exigidos em algo que eles deveriam ser modelares; eles deviam
ser paradigmas, eles deviam até servir de exemplo para a sociedade de como
seria o seu processo de defesa contra essa extrema violência dos assaltantes
neste mundo já tão violento. E se nós temos de enfrentar uma guerra a mais...
Há uma certa reprovação do mundo, por um lado, e indiferença de um outro.
Indiferença, porque nós já vivemos em guerra. Vivemos numa guerra civil onde,
pelo menos, os mecanismos de imunidade de defesa devem ser desenvolvidos. E
nós, lamentavelmente, temos leis, e essas leis tinham que ser cumpridas por
pessoas e por instituições que têm todas as condições de cumprir a lei e, no
entanto, exemplarmente - com o máximo de ironia e entre aspas -, eles
simplesmente dão as costas para a lei. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Carlos Alberto Garcia está com a
palavra nos termos do art. 206 do Regimento.
O SR. CARLOS ALBERTO GARCIA: Prezado Sr. Devanir Camargo da Silva, Presidente do Sindicato dos
Bancários de Porto Alegre e Região, ouvimos atentamente a fala de V. S.ª e
penso que é justamente para isso que serve a Tribuna Popular. É uma interação
da comunidade, de entidades representativas de classe devidamente organizadas
para com os Vereadores, que, constituídos da nossa legitimidade, somos
representantes do povo. Queremos salientar que no pronunciamento de V. S.ª,
quando comenta que o Banco Santander obteve um lucro de 2,8 bilhões de reais;
que o Banco Itaú obteve um lucro de 2,3 bilhões de reais; que o Banco do Brasil
obteve 2,02 bilhões de reais de lucro, parece que esses valores são pequenos
quando o homem só busca o lucro e não se preocupa com o ser humano, mas, ao
final da sua fala, ficou muito clara a importância da vida, porque estamos
neste mundo em função da vida, a qual devemos viver com dignidade, com saúde,
buscando tudo aquilo que a vida tem de belo.
Aproveito,
Sr. Presidente, para fazer, em nome do Partido Socialista Brasileiro, já que
esse é um clamor, e o Sindicato não consegue dialogar nem com o Sindicato dos Bancos,
nem com o Governo do Estado, que esta Casa, a partir dos pronunciamentos das
diversas Lideranças, encaminhe um documento ao Governador do Estado, ao
Secretário de Segurança Pública e ao Sindicato dos Bancos do Estado do Rio
Grande do Sul expondo o que os Vereadores pensam e também o que o Sindicato
está necessitando. Muito obrigado. Conte com o PSB.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Isaac Ainhorn está com a palavra
nos termos do art. 206 do Regimento.
O SR. ISAAC AINHORN: Sr. Presidente desta Casa, Sr.
Presidente do Sindicato dos Bancários, neste momento queremos expressar o
sentimento do nosso Partido - o PDT - e o sentimento da maioria desta Casa de
apoio às manifestações de V. S.ª aqui, colocando, sempre, uma visão humanista
em nome do Sindicato dos Bancários, em que há precedência do ser humano sobre o
capital. Nós vamos mais longe, a presença de V. S.ª é muito importante, porque
representa, neste momento, uma instituição que tem tradição histórica neste Estado
- o Sindicato dos Bancários. Queremos nos associar a essa luta, porque, no
nosso entendimento, há que se fazer uma frente dos trabalhadores e do capital
produtivo contra aquilo que Alberto Pasquallini chamava de capital
especulativo. E é esse capital especulativo que hoje oprime os bancários, os
cidadãos deste País e o próprio País; e contra esse devemos fazer uma cruzada,
uma frente de luta, porque os resultados dos bancos estão aí. Enquanto os
resultados dos bancos e dos banqueiros apontam lucros bilionários, o poder
aquisitivo do povo brasileiro diminui, a segurança das pessoas diminui, a
segurança dos bancários também. Nossa solidariedade, e contem com o PDT. Muito
obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Raul Carrion está com a palavra
nos termos do art. 206 do Regimento.
O SR. RAUL CARRION: O nosso abraço ao companheiro Devanir,
Presidente do Sindicato dos Bancários, a quem, ao saudarmos, estamos saudando
toda a combativa categoria dos bancários, todos os companheiros da Diretoria
que aqui se encontram. Reiteramos os cumprimentos que tivemos a alegria de
levar, por ocasião dos festejos dos 70 anos, por representação do Ver. João
Antonio Dib, Presidente desta Casa, quando lá comparecemos. Quero dizer que todas
essas medidas de segurança aqui apontadas e já aprovadas por esta Casa são
importantes não só para a segurança dos bancários, mas são importantes para a
segurança dos usuários, clientes; e seria, evidentemente, do interesse dos
próprios bancos, porque, evidentemente que o assalto aos bancos não os
beneficia.
Queremos
dizer que esse setor é o mais lucrativo do Brasil. Recentemente saíram
informações na imprensa sobre os grandes lucros obtidos somente com taxas e
serviços que os bancos cobram. Portanto, não há razão nenhuma para não
implementarmos essas medidas.
Para
concluir, quero dizer que temos também um Projeto em trâmite nesta Casa que
propõe que, em grandes centros comerciais ou em instituições financeiras com
mais de mil metros quadrados, o transporte de malotes com valores deva ser
feito por entradas e saídas próprias, e não no meio da circulação do público;
porque têm ocorrido - seja em shopping
centers, seja em grandes empresas, seja em bancos - assaltos às empresas
que transportam malotes em meio a clientes e funcionários.
Portanto,
é também um Projeto que procura ir no sentido que o Sindicato dos Bancários vem
trabalhando com bastante êxito. Saudamos mais uma vez. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Wilton Araújo está com a palavra
nos termos do art. 206 do Regimento.
O SR. WILTON ARAÚJO: Sr. Presidente, Sr.as
Vereadoras e Srs. Vereadores, Sr. Devanir Camargo da Silva, Presidente do
Sindicato dos Bancários. Reconhecemos ter o Sindicato uma das maiores lutas em
termos de reivindicação, em termos de propostas, de posição firme, coerente,
eficaz inclusive, luta que levou a muitas conquistas para a categoria, um
Sindicato muito guerreiro. Nesse sentido, nós nos somamos ao pronunciamento de
V. S.ª e dizemos mais: hoje, os bancos são as instituições que têm o maior
lucro, que possuem o maior capital concentrado neste País e que, certamente,
têm a responsabilidade pelas duas pontas: pela concentração enorme de renda que
se faz neste País, certamente são responsáveis, pois são aqueles que maior
lucro obtém com essa concentração; e eles instituem, por si só, e por essa
razão, a grande legião de famintos deste País, o que leva, sem dúvida nenhuma,
à insegurança. Estão nas duas pontas: uma não querendo aumentar, ou se
recusando a aumentar o nível de segurança; e por outra sendo os causadores
também pela alta concentração de renda.
Há
que se dizer isso sempre: nós somos parceiros para isso. Estranhamos que
históricos lutadores nesse campo, hoje do Governo Federal, relutam em assumir
posições claras e para colocar pessoas certas nos lugares certos com posições
firmes para cumprir o discurso de campanha. Nesse sentido, a nossa
solidariedade, a nossa advertência e a nossa condição de lutar junto com vocês.
Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Está encerrada a participação das
Lideranças. Agradecemos a presença do Presidente do Sindicato dos Bancários de
Porto Alegre e Região, Sr. Devanir Camargo da Silva. Queremos dizer que a
Tribuna Popular é uma conquista do povo de Porto Alegre que está incluída na
Lei Orgânica do Município, e ela pode ser exercida não somente na Câmara
Municipal, mas, quinzenalmente, na Praça Montevidéu, à frente dos bancos da
Cidade. Peço ao Ver. Raul Carrion que acompanhe o Presidente do Sindicato,
enquanto damos seqüência à Sessão do dia de hoje.
Comunicamos
que a Ver.ª Maria Celeste também estará representando a Casa na solenidade de
instalação da Comissão de Representação Externa pela Paz, na Assembléia
Legislativa.
Passamos
à
(05 oradores/05 minutos/com aparte)
1ª SESSÃO
PROC.
0831/03 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 014/03, de autoria do Ver. Renato Guimarães, que altera a Lei n.º 8.423, de 28 de
dezembro de 1999, que institui, na rede municipal de ensino público de 1.º e
2.º graus e demais níveis de ensino, o conteúdo “Educação Anti-racista e
Antidiscriminatória”.
PROC.
0855/03 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 016/03, de autoria do Ver. Aldacir Oliboni, que
estabelece a obrigatoriedade da Triagem Auditiva Neonatal Universal (TANU) ou
teste da orelhinha em recém-nascidos, nos hospitais e maternidades do Município
de Porto Alegre.
PROC.
0921/03 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 018/03, de autoria do Ver. João Antonio Dib, que
denomina Rua Diamantina de Bittencourt Oliveira um logradouro público
não-cadastrado, localizado no Bairro Nonoai.
PROC.
0926/03 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 008/03, que declara de utilidade pública
municipal o Instituto do Excepcional, com sede na Rua Francisco Braga, 250,
nesta Capital.
PROC.
0934/03 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 009/03, que autoriza o Poder Executivo Municipal
a contratar financiamento com a Caixa Econômica Federal - CAIXA, a oferecer
garantias e dá outras providências.
2ª SESSÃO
PROC.
2159/01 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 134/01, de autoria do Ver. Raul Carrion, que denomina Rua Laci Osório um
logradouro público não-cadastrado, localizado no Bairro Farrapos.
PROC.
0775/03 - PROJETO DE RESOLUÇÃO Nº 012/03, de autoria do Ver. João Bosco Vaz, que denomina Dr. Luiz
Goulart Filho a Sala da Comissão de Defesa do Consumidor e Direitos Humanos
(CEDECONDH) da Câmara Municipal de Porto Alegre.
PROC.
0818/03 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 006/03, que dá nova redação ao art. 2.º da Lei
n.º 8.363, de 21 de outubro de 1999. (desafetação e permuta)
PROC.
0819/03 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 007/03, que altera a redação da ementa e do caput
do art. 1.º da Lei n.º 6.675, de 21 de setembro de 1990. (denominação de
logradouro)
PROC.
0867/03 - PROJETO DE RESOLUÇÃO Nº 013/03, de autoria do Ver. Isaac Ainhorn, que denomina Largo Elcir
Silveira o espaço que compreende a lateral e o estacionamento junto à garagem
da Câmara Municipal de Porto Alegre.
PROC.
0936/03 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 010/03, que autoriza a alienação de imóvel sito
na Rua General Gomes Carneiro n.º 947, esq. Rua Catumbi, matrícula n.º 62.781
do Registro de Imóveis da 2.ª Zona de
Porto Alegre, e dá outras providências.
PROC.
0938/03 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 011/03, que autoriza a alienação de imóvel sito
na Travessa Missões n.º 30, Bairro Santa Tereza, matrícula n.º 109.518 do
Registro de Imóveis da 2.ª Zona de Porto Alegre, e dá outras providências.
PROC.
0941/03 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 013/03, que autoriza a alienação de imóvel sito
na Rua Alberto Viana Rosa, Lote n.º 11, da Quadra 6, matrícula n.º 67.389 do
Registro de Imóveis da 3.ª Zona de Porto Alegre, e dá outras providências.
O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Ver. Aldacir Oliboni, V. Ex.ª quer a triagem no teste
de orelinha nos hospitais e maternidades do Município ou no Município?
O
Ver. João Carlos Nedel está com a palavra para discutir a Pauta.
O SR. JOÃO CARLOS NEDEL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, em Pauta
dois Projetos importantes: o primeiro, do Ver. Renato Guimarães, que altera uma
Lei que proíbe a discriminação racial em Porto Alegre e que obriga as escolas a
terem no seu conteúdo esses assuntos. Ora, a Lei Maior, a Constituição já prevê
isso. Já está inserido nela: é proibido ter discriminação racial. Mas existe
uma lei, no Município, específica para o assunto. Tudo bem; nada contra; só
que, em vez de nós termos leis “anti” - anti-racial, antidiscriminação -, por
que não ensinarmos a solidariedade, o amor, o valor da família? Não! Começamos
a ensinar “anti”, levantando o assunto para crianças. Por que não levantar o
assunto para crianças sobre amor, sobre participação, sobre amizade, sobre
respeito aos pais, sobre a importância da família? Não! Pensamos em
anti-racismo, em antidiscriminação, em “anti”, “anti”, “anti”, alguns “anti”
sendo até aberrações. Vamos discutir este Projeto!
Em outro Projeto, este, sim,
muito importante para a Cidade, o Executivo encaminha a esta Casa um pedido de
autorização para um financiamento de 65 milhões de reais, para várias obras na
Cidade: execução de drenagem da Rua Santa Terezinha e Casa de Bombas da Estação
Planetário, ampliação da rede de Casas de Bombas em várias vilas, execução da
drenagem da Rua Frei Germano, da Rua João Paris e Beco 2, e da Bacia de
Amortecimento do Arroio da Areia. Fala também sobre o problema da moradia em
Porto Alegre, da Rua Otávio Sagebin, do Programa Pró-Moradia, da urbanização
dos Condomínios São Guilherme e Princesa Isabel. Sobre o Condomínio Princesa
Isabel, eu tenho algumas dificuldades para entender, porque a Comunidade da
Azenha não é favorável ao transporte da Vila Zero Hora para o Terminal da
Azenha, onde deverá ficar o terminal da Linha 2 do metrô de Porto Alegre. Quero
ter a certeza sobre se o terminal do metrô da Linha 2 em Porto Alegre não vai
ser prejudicado, porque vão fazer uma vila com duzentas e trinta unidades
habitacionais, sobrados, embora ali pudessem fazer edifícios para melhor
aproveitar o terreno. Vão fazer só sobrados. Tenho a impressão, e tenho
recebido informes da comunidade da Azenha, de que essa solução não foi
discutida com a comunidade. Então, vou pedir informações ao Sr. Prefeito sobre
estes detalhes: se isso não vai prejudicar o terminal do metrô e se foi discutida
com a comunidade a transferência da Vila Zero Hora para o Bairro Azenha, para
esse local nobre da cidade. Em todo o caso, é um Projeto importante para a
Cidade, já prometido. Aliás, ele já vem com algum atraso, e há alguns aspectos
do saneamento da Vila Restinga, do vale do Arroio do Salso; só não vejo, aqui,
a inclusão da urbanização da Vila Vale do Salso, já incluída no programa de
urbanização e legalização do loteamento. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Reginaldo Pujol está com a
palavra para discutir a Pauta.
O SR. REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, como
bem acentuou o Ver. João Carlos Nedel, a Pauta de hoje é rica de assuntos que
merecem a nossa atenção. Entre eles está o pedido, por parte do Executivo, de
autorização da Câmara para comercializar vários imóveis. São, a primeira vista,
situações muito semelhantes, iguais àquelas que já foram decididas aqui na Casa
neste ano e outras que estão em processo de decisão. Ainda ontem na Comissão de
Constituição e Justiça nós dávamos Parecer favorável para inúmeras situações
como essa. Acredito, Ver. Pedro Américo Leal, que esse assunto mereceria
inclusive uma análise conjunta. Nós poderíamos juntar todos os processos que
tratam desse assunto, dimensioná-los em um conjunto, até porque tratam de uma
alteração na paisagem urbanística, na maioria dos casos, na medida em que são
antigas passagens de pedestres, que se desaconselharam no tempo, e que estão
sendo comercializadas pelos lindeiros. Ao lado dessa situação, que merece este
nosso comentário e que vai ser objeto ainda de outras colocações nossas, é mais
relevante, para o debate prévio que este período enseja, o Projeto sobre o qual
o Ver. Nedel já teceu os primeiros comentários, que autoriza o Poder Executivo
Municipal a contratar financiamento com a Caixa Econômica Federal e a oferecer,
obviamente, as garantias para a contratação de empréstimo na ordem de 65
milhões de reais. É um valor bastante considerável e que se pretende utilizar na
implementação de inúmeras obras do Projeto Pró-Saneamento, o que merece o nosso
aplauso, e de obras do Projeto Pró-Moradia.
O Projeto vem bem instruído no
que diz respeito a sua Exposição de Motivos; é detalhado, permitindo ampla
discussão. Mas eu não posso dizer a mesma coisa com relação ao Projeto em si,
na sua parte propositiva, porque estamos autorizando o Executivo a contratar 65
milhões de reais com a Caixa Econômica Federal para aplicar esses recursos no
Pró-Moradia e no Pró-Saneamento. Mas em nenhum momento, eu vejo referência às
cláusulas desse contrato. Que tipo de financiamento é esse? Qual é o juro que
nós vamos pagar? Qual é o montante dos compromissos que o Município vai
assumir? O que ele representa no conjunto do endividamento global da Cidade?
Enfim, são detalhes técnicos, e o conhecimento deles é indispensável para
pessoas que têm, para com um Projeto dessa ordem, simpatia ampla, como é o
nosso caso. Eu não poderia ser antipático com um Projeto que se propõe, entre
outras coisas, a promover intervenções urbanas na área habitacional e a
executar obras na área de saneamento, entre as quais, na Bacia da Restinga,
cuja necessidade inclusive preventiva era mais do que evidente. Que se faça
essa aplicação de recursos naquele conjunto: Restinga, Ponta Grossa, Belém
Novo, extremo sul de Porto Alegre. Aqui são previstos cerca de 129 milhões de
reais para essa finalidade.
Então,
eu diria, Sr. Presidente, no início do debate, que acho que é absolutamente
necessário - e peço a atenção da ilustrada Liderança do Partido dos
Trabalhadores e dos integrantes da sua Bancada - que venham aos autos alguns
esclarecimentos que, a meu juízo, são indispensáveis, a respeito das
características desse empréstimo, dos detalhamentos desse empréstimo. Qual o
seu período de mora? Qual o prazo que vai ser concedido para o início da
amortização? Qual o prazo de duração desse financiamento? Qual o juro? Ele está
inserido naqueles programas especiais da Caixa Econômica Federal, em que o juro
é mais suave, menos extorsivo que os juros que normalmente estamos enfrentando?
Eu
quero desde logo dizer o seguinte: essa minha inquietação e essas minhas
indagações decorrem da razão direta do entendimento preliminar de que o Projeto
é bom, razão pela qual eu quero, bem-informado, contribuir para a sua
tramitação. Para tanto, eu preciso contar com esses elementos absolutamente
indispensáveis, Sr. Presidente. Era isso, por enquanto.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Renato Guimarães está com a
palavra para discutir a Pauta.
O SR. RENATO GUIMARÃES: Sr. Presidente, Sr.as
Vereadoras e Srs. Vereadores, como disse o Ver. Reginaldo Pujol, a nossa Pauta,
hoje, é premiada por assuntos diversos, complexos e de importância para a
Cidade.
Começo fazendo uma referência – vou-me adentrar no tema nas próximas Sessões - a um Projeto de nossa autoria que trata de emendar, reformular uma legislação de nossa própria autoria, no passado, nesta Casa, que institui, no município de Porto Alegre, Ver. Pedro Américo Leal, entre as disciplinas já instituídas na Rede Municipal de Ensino, a temática antidiscriminatória e anti-racista. O que nós estamos fazendo, na realidade, é uma Emenda a esse Projeto que já virou Lei, e que já, hoje, tem iniciativa concreta no município de Porto Alegre, através de ações, tanto na rede de educação, como em outras ações da Prefeitura; o que nós estamos trazendo para este debate é que para além, e, portanto, compondo o conjunto da temática da discriminação, que se trate junto a questão da orientação sexual, de tamanha importância para todos nós. Portanto, por dentro da temática transversal do processo educacional, que se possa tratar da questão, também, da orientação sexual.
Eu
desde já quero inibir uma polêmica nesta Casa, sei que a tenho com o Ver. Zé
Valdir, a tenho com outros Vereadores, de que o legislador não pode se
intrometer - usando esta palavra mais popular - no que traz o todo da
legislação federal na questão do ensino, porque a LDB, portanto, nortearia
esses rumos. Eu esclareço, pelo menos no meu entendimento e de muitos outros, é
que nós não estamos aqui a criar novas disciplinas, é o caso, eu vi, tem uma
proposta até na Ordem do Dia que cria uma nova disciplina, ordena um horário
para uma nova disciplina dentro do currículo. E não foi isso que fizemos na
legislação anterior e não é isso que estamos propondo agora. Estamos, na
realidade, acrescentando um tema a um conjunto de temas transversais que vão
compor o conjunto das disciplinas do ensino público fundamental.
Isso
tudo é mais para podermos abrir este debate. Acredito que vamos ter
oportunidade em outras Sessões de adentrar no mérito da questão.
Também
vou fazer o registro sobre esse Projeto que autoriza o Poder Executivo a
contratar 65 milhões, através de um financiamento com a Caixa Econômica
Federal. Acho que isso é de tamanha importância, e a Câmara tem um papel
fundamental nisso, em poder discutir este Projeto, porque ele, na realidade,
intervém na situação de moradia de um número considerável de moradores da
cidade de Porto Alegre. Este Projeto tem como centro a questão do saneamento
básico e a questão habitacional, e tem uma intervenção em diversas regiões da
cidade de Porto Alegre, ele organiza a questão habitacional em várias regiões,
em várias vilas da cidade de Porto Alegre. Destaco, no debate desta Pauta, a
questão deste Projeto que autoriza o financiamento de 65 milhões de reais para
a realização desses programas: o Pró-Moradia e o Pró-Saneamento.
Finalizo
fazendo referência ao Projeto do Ver. Aldacir Oliboni que trata de instituir no
Município a obrigatoriedade da triagem auditiva - aquele teste feito na criança
quando nasce -, em toda a rede de hospitais e maternidades no município de
Porto Alegre. O que quero dizer com isso? Essa obrigatoriedade não será apenas
nos hospitais públicos, será em todos os hospitais e maternidades no município
de Porto Alegre. Acredito que os hospitais e as maternidades concordarão com
isso, porque economiza-se muito, é uma economia financeira fazer esse teste
dentro da maternidade e do hospital, é uma garantia de direito, de tamanha
importância para o cidadão que nasce. Era isso que gostaria de destacar em
Pauta, Sr. Presidente.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Sr. Aldacir Oliboni está com a palavra
para discutir a Pauta.
O SR. ALDACIR OLIBONI: Sr. Presidente, Sr.as
Vereadoras, Srs. Vereadores, público que nos assiste neste momento e os
presentes na Sessão de hoje, os Projetos aqui elencados em 1.ª Sessão têm
profunda importância para nós. Eu destacaria como primeiro Projeto em 1.ª
Sessão o Projeto do nobre Ver. Renato Guimarães, que fala na educação
anti-racista e antidiscriminatória, Projeto que já foi apresentado em outros
anos e que agora faz uma readequação ao seu Projeto original.
Quero
dar destaque maior ao Projeto de minha autoria, agradeço desde já pela
possibilidade de discuti-lo junto aos profissionais da saúde, agradeço ao Ver.
Adeli Sell, hoje Secretário da SMIC, o qual já vinha discutindo com alguns
profissionais e, em função da procura desses profissionais de saúde,
especialmente as fonoaudiólogas Nora Helena Gomes, Amália Moura e Maria Elisa
Braga, profissionais que fizeram um amplo estudo, não só em Porto Alegre mas em
outros Estados, constataram que na maioria das cidades dos Estados do Rio de Janeiro,
São Paulo e Paraná já estão viabilizando, como Lei Municipal, o Teste da
Orelinha em recém-nascidos. Nós ouvimos muito falar no Teste do Pezinho, que
mostra que em cada dez mil recém-nascidos um apresenta um sintoma ou um
problema considerado doença. E, no Teste da Orelinha, em cada dez mil crianças
dez apresentam problemas de audição. Portanto, temos, com o Teste da Orelinha,
uma incidência vinte e nove vezes maior de crianças que podem nascer com
problemas do que com o Teste do Pezinho, que já é Lei Municipal. Estamos
pedindo a sensibilidade dos nobres Vereadores para que este Projeto possa ter o
seu percurso com segurança nesta Casa.
O Sr. Dr. Goulart: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Ver. Oliboni, duas intervenções. A primeira é para parabenizá-lo,
porque isso significa o momento de prevenção tão necessário para o problema
auditivo das nossas crianças, que vão sabê-lo só anos depois. A segunda é que
se V. Ex.ª pede isso, tem de garantir isso para os usuários do SUS. Não vai adiantar
apresentarmos um Projeto tão importante, tão interessante como este e não
cumpri-lo pelo SUS.
O SR. ALDACIR OLIBONI: Eu quero esclarecer ao nobre Ver.
Goulart, que é um perito na área, um médico de ponta, que se observar a Emenda
n.º 01, apresentada inclusive hoje, ela diz o seguinte: “Art. 1º: Fica
estabelecida a obrigatoriedade da Triagem Auditiva Neonatal Universal, chamada
TANU ou Teste da Orelinha, nos recém-nascidos, em postos de saúde, hospitais
públicos e maternidades conveniadas ao Sistema Único de Saúde no município de
Porto Alegre.” Portanto, contempla a sua reivindicação explanada aqui.
Queremos
dizer ainda que a Triagem Auditiva Universal consiste no rastreamento auditivo
de todos os recém-nascidos antes mesmo da alta hospitalar. Recomenda-se a
Triagem Auditiva Universal porque, se rastrearmos somente os recém-nascidos que
apresentam os fatores de risco, estaremos perdendo aproximadamente 50% dos
indivíduos que apresentam perdas auditivas congênitas, ou seja, metade da
população infantil, com surdez, não será diagnosticada precocemente.
O
nosso tempo é curto mas queremos sensibilizar os nobres Vereadores, porque
sabemos que a população de baixa renda não tem condições de fazer exames e
pagar por eles. Hoje, a grande maioria faz esse exame e pagam aos hospitais
particulares de Porto Alegre. Queremos que esse benefício, que esse atendimento
seja estendido a toda população de Porto Alegre. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Submeto à votação dos Srs. Vereadores a
autorização para o pagamento de inscrição no III Congresso de Direito
Ambiental, no valor de 140 reais, para os Srs. Vereadores Beto Moesch e Wilton
Araújo. Em votação o Requerimento n.º 063/03, de autoria dos Vereadores Beto
Moesch e Wilton Araújo. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que aprovam a presente
autorização permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.
Em
votação Requerimento n.º 038/03, de
autoria do Ver. Marcelo Danéris, que solicita a formação de uma Comissão
Especial para o estudo do combate à fome e segurança alimentar. (Pausa.) Os
Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.
Em
votação Requerimento n.º 047/03, de autoria do Ver. Isaac Ainhorn, para que o
período das Comunicações da Sessão Ordinária do dia 07 de abril do corrente ano
seja destinado para comemorar o 60.º aniversário do Levante do Gueto de
Varsóvia. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados.
(Pausa.) APROVADO.
O
Ver. Zé Valdir está com a palavra para discutir a Pauta.
O SR. ZÉ VALDIR: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, discuto
o Projeto de autoria do Ver. Renato Guimarães que introduz a expressão
“orientação sexual” como conteúdo a ser abordado nas escolas de 1.º grau do
Município.
Quero
dizer que tenho sérias restrições, não a este Projeto, mas a este tipo de
Projeto, que introduz disciplina, conteúdo, no currículo das escolas. Claro
que, sendo o conteúdo, como está aqui, é um atenuante; mais grave é influir
através de disciplina. Tenho essas divergências com este Projeto e com todos os
que vão nessa linha, por várias razões, as quais já tive a oportunidade de
discutir aqui nesta Casa. Uma é que todos esses conteúdos já estão
perfeitamente possibilitados pela Lei de Diretrizes e Bases e até mesmo pela
Constituição, e, depois, porque isso cria uma situação inadministrável para o
educador nas escolas se o Legislativo começar a introduzir a cada momento
disciplinas, conteúdos, etc., e ainda invade o espaço da autonomia escolar, que
está prevista na LDB.
Portanto,
as minhas razões são absolutamente diferentes das razões do Ver. Nedel, que é
contra por uma razão moral, que eu respeito, mas que discordo. Inclusive, me
permito lembrar de alguns fatos históricos quando, no meu primeiro mandato e na
primeira Administração Popular, foi patrocinada a revista Dum-Dum, quando foi feito um trabalho educativo, aconselhando como
se devia usar a camisinha. Num debate nesta Casa, parecia que o mundo viria
abaixo. Os conservadores achavam que esse assunto jamais poderia ser tratado
dessa forma pelo Poder Público. Agora vejo, com muita satisfação, que aqui na
Câmara, no espaço Tereza Franco, nós temos uma bela exposição de fotografias em
que é relatada uma relação homossexual feminina, inclusive com rara beleza
estética, e não vi nenhum dos conservadores desta Casa fazer nenhum comentário.
Aliás, eu acho que é bom que as pessoas mudem de opinião e que a sociedade
avance; que a sociedade tenha esse grau de abertura. Portanto, eu não vejo
nenhum problema nisso. A minha divergência a este Projeto não é com a questão
moral. Eu não vejo nenhum problema que esse tema seja abordado nas escolas.
Também quero trazer ao debate uma
questão que, às vezes, não se discute muito, que é a de se querer atribuir às
escolas e às famílias, hoje, papéis que a escola e a família não estão mais em
condições de assumir. Quer-se, hoje, que a escola resolva todos os problemas
que a sociedade não consegue resolver. Esquece-se, por exemplo, que o maior
poder de influência sobre a juventude não é mais da escola, mas dos meios de comunicação.
Um jovem, uma criança fica mais tempo em frente da televisão do que sob a
orientação de um professor dentro da escola. Vejam agora, por exemplo, o
programa Big Brother, que é um vale
tudo em termos de valores éticos, porque, ali, vence quem mais trapacear, é uma
competição desacerbada, com a vulgarização do sexo, tudo está sendo premiado, e
a família assistindo, aplaudindo e pagando para participar, já que é cobrada a
ligação para participar.
Eu não vejo nenhum dos arautos
defensores da família e dos bons costumes vir a esta tribuna e fazer nenhuma
crítica a esse lixo cultural importado que é o Big Brother. Não vejo! É uma incoerência isso. Deveriam vir a esta
tribuna fazer um discurso veemente contra, porque eu não sou moralista, mas os
moralistas devem estar horrorizados com o que acontece no Big Brother. O Ver. João Carlos Nedel, por exemplo, deveria vir
aqui e dizer que esse programa é subversivo em relação à família, ele subverte
os valores da família, os valores cristãos. E eu não vejo, eu vejo o Ver. João
Carlos Nedel caladinho, caladinho com se fosse normal. E vem aqui querer que a
escola seja redentora da sociedade. Então, vejam as contradições da direita. Eu
vou retribuir um pouco as provocações que o nobre Ver. Pedro Américo Leal nos
faz. Veja as contradições da direita, Ver. Pedro Américo Leal! Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Está encerrado o período de Pauta. Chamo
a atenção para o fato de que a Casa tem de examinar, a partir de hoje, e toda a
Ordem do Dia fica sustada, doze Projetos de Lei. Com toda a regularidade
possível, todos aqueles Projetos que instituem na Rede Municipal de Ensino
público qualquer conteúdo têm sido vetados por S. Ex.ª o Sr. Prefeito. Não vai
nenhuma crítica, apenas um alerta.
O
Ver. Sebastião Melo está com a palavra para uma Comunicação de Líder.
O SR. SEBASTIÃO MELO: Sr. Presidente, Sr.as
Vereadoras e Srs. Vereadores. Muitos assuntos, evidentemente, do nosso
cotidiano, não posso aqui deixar de registrar, Ver. Beto Moesch, como a nossa
audiência de ontem, do Bairro Belém Novo.
Nós, da Comissão, pudemos constatar ali aquilo que, reiteradas vezes, eu disse desta tribuna, Ver. Reginaldo Pujol, que foi uma medida precipitada da Prefeitura Municipal devolver a balneabilidade das praias do Bairro Belém Novo.
Lá
estivemos debatendo com a comunidade, com os técnicos do DMAE, com entidades
não-governamentais e, depois, fizemos, pela orla, uma vistoria, onde os Srs.
Vereadores poderão buscar aqui na TVCâmara, porque vamos preparar uma fita
nesse sentido, para mostrar que tudo aquilo que foi dito pelo oficialismo do
Governo Municipal não tem fundamentação.
Mas,
mais do que isso, ontem, Ver. Cassiá Carpes, cinco pessoas, incluindo crianças,
foram prestar depoimento lá na capatazia, dizendo em alto e bom som que,
estimuladas a tomarem banho nas águas do Belém, uma cidadã, uma jovem me disse:
“Tive que tomar antibiótico vinte dias, pela febre” e mostrava a sua pele
deformada pelas águas poluídas do Bairro Belém Novo.
Então,
Sr. Presidente, e sei que este é o sentimento de V. Ex.ª, eu acho que nós não
temos de ficar só nessa questão apenas da versão oficial, é preciso que sejam
agilizados laudos alternativos.
Segundo:
quero dizer, Sr. Presidente, que esta Casa... e me dizia o Presidente, me
repassava uma cópia, quando o Presidente da Comissão pediu os laudos ao DMAE, o
Presidente do DMAE mandou dizer que os laudos estão disponíveis, mas não os
mandou para esta Casa! E isso é desrespeitar a Lei Orgânica e o Regimento desta
Casa e eu tenho certeza de que o Presidente da Comissão vai oficializar ao
Presidente da Casa, para que ele faça cumprir e faça valer a autonomia dos
Poderes. A população foi colocada em risco de saúde pública, sim. Estava lá o
Ver. Renato Guimarães, inclusive, naquele momento, nós dissemos: “Queremos
visitar o posto de Belém Novo e da Restinga, para saber quantos atendimentos,
especialmente, envolvendo questões de pele, hepatite, deu-se a partir da praia
de Belém Novo.”
A
verdade é que a Prefeitura um dia diz que é a areia, outro dia diz que é o
saibro, outro dia diz que é o lodo; na verdade, na verdade, é que ela não
poderia, Ver. Cláudio Sebenelo, ter aberto a praia dessa forma, açodadamente,
para dar satisfação à comunidade internacional, especialmente aos visitantes do
Fórum Social Mundial. E por isso, a nossa Comissão de Saúde, que tem
competência para a investidura de tal assunto, deve colher, a termo, os
depoimentos dessas pessoas, porque ontem não foi possível. Mas tem de colher, a
termo, os depoimentos, para que estes cheguem ao Ministério Público.
Eu
não posso pensar que aquelas pessoas, que foram à Comissão, ontem, deram nome,
deram endereço... Elas esperam do Legislativo, que é quem fiscaliza o Poder
Executivo, uma atitude firme. Mas, mais do que isso, Presidente Beto Moesch, eu
penso que as Comissões temáticas, quando elas saem da Casa, cumprem um papel,
às vezes, muito melhor que aqui dentro. Porque, muitas vezes, o povo não vem na
Casa, e a Câmara pode ir, através dos seus instrumentos, especialmente as Comissões
Permanentes, até ao povo.
Portanto,
a ida em Belém Novo, Ver. Pedro Américo Leal, foi importante, é importante que
as Comissões temáticas adentrem nessa interação com a sociedade civil
organizada. Agora, volto a dizer, é muito grave, porque se trata de saúde
pública, e essa questão não pode ficar só na versão do DMAE, por mais que
respeitemos os seus técnicos, mas é uma versão “oficilista”, e da qual nós
temos enorme desconfiança. Muito obrigado.
(Não
reviso pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Cassiá Carpes está com a palavra
para uma Comunicação de Líder.
O SR. CASSIÁ CARPES: Sr. Presidente, Ver. João Antonio Dib,
Srs. Vereadores, Sr.as Vereadoras, senhoras e senhores, ontem, nós,
na Comissão de Direitos Humanos e Consumidores, começamos a sentir aquilo que
nós já presenciávamos na Cidade, que são as invasões, loteamentos clandestinos
e, conseqüentemente, as denúncias de cooperativas que não estão prestando
serviço adequado conforme estava no contrato de venda dos lotes.
A denúncia partiu dos compradores da Cooperativa Manchester, que tem 50% do Projeto e cento e dezoito lotes na Zona Leste da Cidade; e, também, junto com os compradores, a denúncia da Cooperativa dos Funcionários da Carris, que prestou também depoimento. Cinqüenta por cento de cada cooperativa, enquanto a Cooperativa Manchester não cumpriu a sua parte. Houve denúncias e nomes citados, que nós vamos apurar. Estamos solicitando a presença dessas pessoas na reunião da próxima terça-feira da nossa Comissão. Há acusações graves, e nós não queremos nominar aqui as pessoas que foram citadas, mas já estamos apurando para que possamos fazer o contraditório na próxima terça-feira. O que nós notamos é a proliferação de invasões e a formação de cooperativas, incitações pela Cidade de invasões de áreas verdes, massas falidas que são invadidas com o objetivo de ali se formarem cooperativas que passam de mão em mão, vendem duas ou três vezes o próprio terreno, causando um enorme transtorno para a população e para o Poder Público Municipal.
O
Poder Público Municipal e o Ministério Público devem ter mecanismos para
começar a analisar profundamente essa situação, pois há, sem dúvida, uma
proliferação muito grande na Cidade, onde o interesse é muito particular mas
que vem afetar o lado coletivo e o lado do Executivo, que depois terá que dar,
quem sabe, toda a estrutura, porque na hora em que quebrarem as cooperativas,
sem aprovação de projetos na Prefeitura... Mas aí vão ver que num loteamento
clandestino já tem água, já tem luz, já estão fazendo canalização de esgotos e,
conseqüentemente, parece que está tudo legalizado. Depois o consumidor, o
cidadão é afetado.
Portanto,
vamos em frente tomar conhecimento das acusações, na próxima terça-feira, com
os confrontos, na parte do contraditório. Por outro lado, hoje de manhã estive
no Sindilojas, no tradicional café da manhã que o Sindilojas proporciona aos
lojistas, onde estava o nosso Secretário José Otávio Germano, o Delegado Leoti,
da Polícia Civil, o Comandante-Geral Coronel Pafiadachia, e lá senti, Ver.
Pedro Américo Leal, como observador, como convidado, como Vereador desta Casa e
desta Cidade, que parece haver um entusiasmo da Brigada e da Polícia Civil em
relação ao Secretário e ao Governador. Isso já é um ponto importante que eu notei,
como observador. Lá se falou da revisão salarial, do policiamento ostensivo, do
desarmamento mediante barreiras, do policiamento comunitário, da
descentralização, de a sociedade acreditar na sua polícia - isso é muito
importante -, das polícias técnica e profissional, da qualificação do serviço
da polícia, da despartidarização - o que é muito importante, pois a polícia
pertence ao Estado, ao cidadão e não aos partidos políticos, independente de
qual Partido esteja no governo. Também lá foi comentado sobre as câmeras no
Centro, que o Poder Executivo não pôde realizar no ano passado, será, quem
sabe, uma grande parceria entre a Secretaria, o Sindilojas e a Prefeitura.
Tomara que exista, porque isso é importante no Centro da Cidade. Muito
obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): O Ver. Raul Carrion está com a palavra
para uma Comunicação de Líder.
O SR. RAUL CARRION: Ex.mo Ver. Elói Guimarães,
Sr.as Vereadoras e Srs. Vereadores, todos os que nos assistem na
tarde de hoje nesta Casa, prestigiando os trabalhos, e os que nos assistem em
suas casas por intermédio da TV Câmara. Queríamos, em primeiro lugar, fazer um
convite e comunicar a todos os Vereadores que, hoje, a partir das 16h, haverá
na Assembléia Legislativa o lançamento de uma comissão pela paz e uma vigília
pela paz. Sabemos que teremos trabalhos aqui, mas, como é algo que irá se
prolongar, reconhecemos a importância de a nossa Casa lá se fazer representar –
a Ver.ª Maria Celeste está lá, conforme falou o Sr. Vereador-Presidente – para
também nos irmanarmos nesse grande esforço pela solução pacífica do problema do
Iraque, apesar de essa situação estar cada vez mais difícil, pela decisão
unilateral, desrespeitando a ONU, da superpotência do Norte, que considera que
não existe lei, não existe Direito Internacional, e, como um legítimo fora da
lei, resolveu massacrar um povo, porque não é uma guerra que está na iminência,
mas um massacre. É como se fosse uma senhora de 90 anos, paraplégica, numa
cadeira de rodas, que é a situação do Iraque, e o Mike Tyson dissesse que
queria atacá-la. Não é ataque, não é guerra, é massacre o que estamos
assistindo sob os nossos olhos.
Em
segundo lugar, queríamos trazer aqui uma questão que temos tratado com o
Governo Municipal. Tivemos, no dia 29 de janeiro, contato com a Secretária de
Educação do Município, a nossa Ver.ª Sofia Cavedon, levamos a ela uma proposta
que, por nossa iniciativa, foi inserida no Plano Plurianual de Porto Alegre.
Como já estamos chegando no 3.º ano e certamente o último prazo é o 4.º ano,
pensávamos que este ano a LDO contemplasse algo mais objetivo. Sabemos do
avanço que em Porto Alegre, numa série de áreas, no campo educacional, foi
feito, mas entendo que o ensino de 2.º Grau em Porto Alegre, Ver. Zé Valdir,
muito pouco mudou. Continuamos na mesma situação, temos duas escolas, sabemos
que não é questão prioritária do Município, mas é preciso que o Município crie
uma experiência inovadora no campo do ensino médio. Qual é a proposta que nós
levamos e pela qual, desde o primeiro dia nesta Casa, temos batalhado? É o que
nós temos denominado de “Universidade do Trabalhador”, que, na verdade, é um
centro politécnico de Primeiro Mundo, de excelência, voltado para a formação de
um cidadão integral, oferecendo não só aquela formação profissional para o
trabalho, que, na verdade, desconhece a formação humanística, desconhece a
formação cidadã e cria dois tipos de educandos: o da elite, que vai estudar
para dirigir a sociedade, e o filho do trabalhador, que vai estudar e ser preparado
unicamente para o trabalho, para dar maior valia para o capital. Não, nós
queremos a formação profissional integral, portanto humanística, técnica e
cidadã. A idéia seria, portanto, a criação de centros tecnológicos altamente
qualificados onde se dê uma formação no campo mais avançado; não é a formação
técnica de profissional de cabeleireiro, de encanador, de eletricista, que, na
verdade, é a formação para um subemprego, é a formação para absorver o
desempregado menos capacitado, não, nós queremos uma formação técnica para
levar adiante um projeto de transformação neste País, um projeto de
desenvolvimento tecnológico para o País. Seria uma formação, portanto, em
telemática, em informática, uma formação em produção gráfica, em comunicações,
em química e mecânica fina, e assim por diante. Existem verbas nacionais e
internacionais para um projeto como esse.
E,
por fim, a extensão seria por intermédio do que estamos chamando de “Oficinas
Gráficas do Movimento Popular”, que permitiriam, então, ao mesmo tempo, a
formação prática e a prestação de serviços gráficos para sindicatos,
associações de bairro, clubes de mães, Movimento Negro, Movimento de Mulheres,
em suma, uma formação técnica e, ao mesmo tempo, uma extensão, por intermédio
de serviços prestados para a população. É uma idéia que a Secretária recebeu
com muito interesse, e pretendemos, durante este ano, tentar concretizar algo
e, na LDO, aprovar concretamente medidas. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): O Ver. Reginaldo Pujol está com a palavra
para uma Comunicação de Líder.
O SR. REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente, Srs. Vereadores e Sr.as
Vereadoras, o jornal Correio do
Povo, com o seu extraordinário poder de síntese, traz hoje, na sua página
central, uma notícia que, evidentemente, merece o nosso comentário, sendo que o
título da notícia é o seguinte: “Previdência terá projeto em abril.” Ora, Sr.
Presidente, essa manchete, por si só, merece um aprofundamento e uma reflexão,
porque estamos ouvindo, desde o início da Administração do Partido dos
Trabalhadores, que deve ser enfrentado o problema da Reforma da Previdência, da
Reforma Tributária, da Reforma Política, e que a Nação tem que fechar com as
Reformas. O que ocorre, Ver. Pedro Américo Leal, é que nós temos dito aqui
nesta tribuna e em outras tantas que têm-se aberto para nós, que nós precisamos
saber qual é a Reforma que nós temos que apoiar, qual é a Reforma que nós temos
que ajudar a construir, se é que temos que ajudar a construir essa Reforma.
Essa proposta que se anuncia para o final do mês de abril, e que se cogita que
possa ser votada ao longo deste ano, pelo noticiário que filtra aqui, acolá, é
o reaquecimento de algumas propostas que no passado foram inviabilizadas pelo
Partido dos Trabalhadores.
Voltam à discussão - não há como
esconder, o próprio jornal Correio do
Povo flagra este fato, e toda a
imprensa nacional - as aposentadorias especiais; volta à discussão a idade
mínima para a aposentadoria, fatos estes que já foram amplamente discutidos nos
oito anos do Governo Fernando Henrique Cardoso, que é acusado de não ter feito
nada nesse sentido. E eu tenho proclamado, com toda a responsabilidade, que no
Governo do Fernando Henrique Cardoso se alterou um conceito de Previdência, e
que não existe mais neste País, no regime dito único da Previdência - que não é
tão único assim -, aposentadoria por tempo de serviço, e sim em função do tempo
de contribuição. E compatibilizar este novo conceito com a realidade dos
servidores públicos, com as garantias estatutárias que ele tem foi o grande
calcanhar-de-aquiles que encontrou o Congresso Nacional para equalizar esta
situação. Agora se volta a falar sobre esse assunto, se tem o Anteprojeto de
Reforma, se discute internamente dentro do Partido dos Trabalhadores; não se
divulga para a Nação o que se quer, e se pretende antecipadamente, Ver. Isaac
Ainhorn, ter o apoio. V. Ex.ª, hoje, é da base do Governo Federal, mas o
Governo que V. Ex.ª apóia, com alguma timidez, não diz exatamente o que ele
quer. Então, aí se confirma aquela expressão do Deputado Líder do PFL no
Congresso Nacional, o Zé Aleluia, segundo a qual, Ver. Wilton Araújo, não basta
ter bons ventos quando o comandante não sabe onde o barco quer chegar. Não
basta convocar a Nação para apoiar as reformas, se não sabemos, Ver. Pedro
Américo Leal, que tipo de reforma se pretende introduzir. Eu, aliás, quero
prestar uma homenagem ao ex-Vereador, ex-Governador e hoje Deputado Estadual
Jair Soares, quando, há seis anos, dizia coisas elementares, acusadas até de
serem óbvias, e que não foram resolvidas, e que, por não serem resolvidas,
persistem no tempo. Mas uma coisa, fundamentalmente, ele dizia: por que não
cuidamos do futuro e esquecemos do passado? Se tivesse sido aceita a solução
proposta pelo então Relator da Reforma Previdenciária do Congresso Nacional,
nós já estaríamos com o problema consideravelmente amainado. Agora, Sr.
Presidente, volta o assunto à baila, e não é outra coisa senão o reaquecimento
de discussões que ocorreram durante todo o período Fernando Henrique Cardoso e
contra as quais o PT, sistematicamente, se manifestava contrário, e agora tem
uma grande dificuldade: como passar para a opinião pública que o novo PT, o PT
Governo, o PT “vidraça”, quer ver aprovado aquilo que o Fernando Henrique Cardoso
não conseguiu ver aprovado. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): O Ver. Dr. Goulart está com a palavra
para uma Comunicação de Líder.
O SR. DR. GOULART; Sr. Presidente, Elói Guimarães, Sr.as
Vereadoras, Srs. Vereadores, pois ainda o affaire
da greve dos funcionários da saúde; ainda este affaire. Ontem, o Ver. João Antonio Dib entrou em contato com S.
Ex.ª o Prefeito, e ficou acordado entre eles que o Prefeito, que tinha-nos
dito, naquela ocasião, não suspenderia o Decreto, mas que estenderia o tempo de
aplicação do Decreto, para que desse tempo para que houvesse negociações, para
que houvesse adequações pessoais, ou seja: a proposta feita pelo Ver. João
Antonio Dib, conforme ratificou aqui nesta tribuna. É evidente que de uma hora
para outra tomado assim o Decreto, o Decreto não sendo postergado - não é nem
revogado, nem suspenso, nem retirado, sendo só estendido - vai causar um
problema enorme, principalmente para os funcionários do Estado que deverão cumprir
oito horas. Vai ser um problema muito grande! Ou seja, atende um grupo de
funcionários e não atende outro grupo. E o que me chamou a atenção? Foi este
documento que chegou às minha mãos, em que a enfermeira Ana Regina Boll, que é
a segunda pessoa da Secretaria Municipal da Saúde - portanto, temos a primeira
figura, que é a do Dr. Joaquim Kliemann e depois a da enfermeira Ana Regina -
passa para todas as Unidades uma Ordem de Serviço chamada de “Orientações sobre
como proceder” por assinatura de Ademar José Becker, que é um dos Coordenadores
da Secretaria Municipal da Saúde, na qual fica orientado a se fazer o banco de
compensação de horas, que foi negado depois, que não existia. Mas sempre que a
gente faz a luta, como desde o primeiro momento, eu mostro o documento que aqui
está. Aqui está o documento que chegou às Unidades de Saúde, onde existe essa
repressão contra o trabalhador de Saúde, fazendo com que seja assinado um banco
de horas, fazendo com que seja assinada uma situação que não está regulamentada,
mesmo dentro da idéia do Prefeito, que era de negociar esse problema de 1/3,
depois.
Então,
existe uma coação contra os funcionários da Saúde que nós não podemos permitir.
Ah! É verdade o que o Ver. Dr. Goulart diz? É verdade! Porque o que diz o item
n.º 9 desta Ordem de Serviço é uma coisa jamais vista no serviço público: “Esta
orientação deve ser reproduzida oralmente às chefias e aos servidores. Não se
constitui em orientação a ser impressa e tampouco colada em murais e paredes”.
O que é isso, Ver. Isaac Ainhorn, que me cedeu o tempo, meu Líder? O que é
isso, Srs. Vereadores? Como é que está escrito em negrito: ” não afixem, só
falem de boca?” Má-fé, o nome é má-fé! Isso não pode acontecer. Nós temos que
reagir. Os funcionários da Saúde vão para uma outra assembléia, e esse assunto
tem que ser tratado com a seriedade que exige, com a compaixão que necessita,
com o cuidado que o Executivo precisa ter com os seus funcionários da Saúde.
“Não escrevam, só falem.” Palavras o vento leva, palavras ficam ao léu. Não é
para escrever. Como é que pode haver seriedade nesse tipo de conversa? Quando
me pareceu que já houve problemas na primeira conversação, nobre Ver. Wilton
Araújo. Nós entendíamos uma coisa e se entendeu outra. Nós sabemos o que
aconteceu.
Então,
como conheço todos os Vereadores do PT que aqui trabalham, que são extremamente
corretos e honestos e assim têm demonstrado, têm de “puxar as orelhas” de quem
fez isso aqui. Isso aqui é feio, “Papai do Céu” não gosta desse tipo de ação.
“Puxem as orelhas” da Dona Ana e do Sr. Ademar, já que o Joaquim Kliemann não
deve ter compartilhado desta barbaridade. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): O Ver. Beto Moesch está com a palavra
para uma Comunicação de Líder.
O SR. BETO MOESCH: Sr. Presidente, Sr.as
Vereadoras, Srs. Vereadores, a Comissão de Saúde e Meio Ambiente desta Casa,
que também já foi presidida pelo nosso Líder Ver. Pedro Américo Leal, esteve
ontem, mais uma vez, fazendo reuniões fora da Câmara Municipal de Vereadores, in loco, como fez na terça-feira da
semana passada visitando usinas de reciclagem de resíduos e, ontem, fomos in loco averiguar a problemática da
balneabilidade das praias de Belém Novo, o que, aliás, causou surpresa de todas
as maneiras para a opinião pública.
Causou
surpresa, no final de janeiro, quando as praias, Ver. Dr. Goulart, foram
abertas. Por que causou surpresa para a opinião pública? Porque após 30 anos,
com grande algazarra e espalhafato, Ver. Pedro Américo Leal, nos jornais, nas
TVs, aproveitando sim, o Fórum Social, aqui, se divulgou para a opinião pública
que, finalmente, as praias de Belém Novo estavam abertas para banho e que a
sociedade porto-alegrense poderia novamente banhar-se no Guaíba. Qual foi a
impressão que se deu ao incentivar e estimular a opinião pública a ir lá se
banhar? Estava lá o Sr. Prefeito, estava lá o Sr. Ministro, o Sr. Diretor-Geral
do DMAE, todos estimulando as pessoas a irem se banhar no Guaíba. Qual foi a
impressão que se deu? Que sempre poderíamos tomar banho no Guaíba. Porque assim
como se deu essa divulgação, todos acharam bom. Então, está tudo bem, está
seguro. Ao mesmo tempo em que se deu essa divulgação, já antes da abertura, nós
recebemos - assim como a Prefeitura recebeu e assim como o Ministério Público
recebeu - denúncias de organizações não-governamentais de que estava muito
cedo, de que ainda não estava na hora de abrir a praia. Mas a Prefeitura “não
deu bola” e acabou, então, abrindo a praia para a balneabilidade. Em cima,
portanto, e talvez até, Ver. Pedro Américo Leal, de uma propaganda enganosa, e
aí nós até podemos trabalhar aqui com Código de Defesa do Consumidor, sim. O
que nós fizemos? Pedimos um laudo, foi agora aqui ainda registrado pelo Ver.
Sebastião Melo, em Comunicação de Líder - que, aliás, havia feito uma
representação ao Ministério Público, e o Ministério Público abriu o inquérito civil -; nós pedimos um
laudo ao DMAE, já registrado pelo Ver. Sebastião Melo, recebemos apenas na
segunda-feira, não vou aqui repetir o que já foi muito bem colocado pelo Ver.
Sebastião Melo. Inclusive, a Ver.ª Margarete Moraes nos ajudou a conseguir
esses laudos na segunda-feira, diga-se de passagem. O que nós constatamos? Essa
era a obrigação da Comissão de Saúde e Meio Ambiente, e ela o fez: pedir os
laudos. Pediu laudo também para o IPH, da UFRGS, que quer fazer o laudo, mas
precisa não só dos laudos DMAE, mas de todo o estudo de monitoramento feito.
Nós, então, fomos lá, ontem, todos os membros da Comissão de Saúde e Meio
Ambiente, DMAE, SMAM, moradores, organizações não-governamentais, a imprensa. O
DMAE disse o seguinte, em resumo: que, sim, às vezes é possível nós tomarmos
banho lá, às vezes, não. Hoje talvez se possa tomar banho, amanhã, não; vai
depender das chuvas, das correntes. Por que não disseram isso antes? Por que
não colocaram isso devidamente para a opinião pública? Também disseram que uma
obra feita pela SMAM para urbanizar uma das praias afetou a qualidade das
águas. Por que essa obra não foi feita antes? Por que de uma forma mais segura
não foram abertas essas praias? Por que esse açodamento irresponsável de abrir
algo tão querido para a população porto-alegrense, que são as praias do Guaíba?
Nós
estamos encaminhando ao Ministério Público, que abriu inquérito civil através
de representação do Ver. Sebastião Melo, todos esses depoimentos que
registramos, ontem, na Comissão de Saúde e Meio Ambiente e as prescrições
médicas dos postos de saúde de denúncias de doenças causadas por esses banhos.
De
qualquer maneira, houve uma precipitação irresponsável, lamentável, por parte
da Prefeitura. Cumprimos o nosso dever. Muito obrigado, Sr. Presidente.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): O Ver. Renato Guimarães está com a
palavra para uma Comunicação de Líder.
O SR. RENATO GUIMARÃES: Sr. Presidente, Sr.as
Vereadoras, Srs. Vereadores, em primeiro lugar é importante, para não dar uma
outra dimensão e para a Câmara ajudar a solucionar e não criar problemas, dizer
aos Srs. Vereadores que o que o Ver. Dr. Goulart trouxe à tribuna não é nada
mais do que um e-mail que a chefia de
RH da SMS encaminha aos chefes dos postos, orientando como devem proceder no
retorno dos trabalhadores. Diz nesse e-mail
que ele não se constituiu num documento e, portanto, não deve ser afixado como um
decreto, como um documento que deve se tornar algo público. O e-mail é como uma carta, uma comunicação
entre o chefe e a pessoa responsável no posto de saúde. No e-mail está dizendo, Ver. Zé Valdir, que não houve suspensão do
Decreto e, sim, uma prorrogação no prazo de 120 dias para que os trabalhadores
da Saúde se adeqüem à prestação da carga horária, nada mais do que isso. O que
a Câmara de Vereadores intermediou? A Câmara de Vereadores intermediou uma
relação para a prorrogação do Decreto, e isso está escrito aqui. Não vamos
fazer alarde, não vamos prejudicar o que nós já ajudamos a melhorar.
Segunda
questão: pedir coerência por parte do meu colega, com larga experiência nesta
Casa, Ver. Reginaldo Pujol, para dizer a ele que não foi o PT, no Congresso Nacional,
que inviabilizou a Reforma Previdenciária, porque o PT tinha 50 Deputados e me
parece que a base governista do, graças a Deus, ex-Presidente da República
Fernando Henrique Cardoso tinha 340 Deputados. Se o Presidente Fernando
Henrique Cardoso não aprovou uma Reforma Previdenciária foi porque a sua base
governista não sustentou essa Reforma Previdenciária, porque de um total de 530
Deputados, o PT tinha 50. Por favor, não venham querer culpar o PT agora por
não ter saído a Reforma Previdenciária na era do ex-Presidente Fernando
Henrique Cardoso. Não fez por incompetência política, porque tinha base para
poder fazer.
Terceira
questão: eu queria registrar, Ver. Beto Moesch, que a condução de V. Ex.ª na
audiência pública, ontem, foi exemplar. O Vereador abriu a possibilidade de um
debate franco, onde a Prefeitura, através de seus vários órgãos, explicou toda
a temática. Estou fazendo este registro porque acho que isso constrói a Câmara
de Vereadores. O Vereador abriu a possibilidade de a comunidade se manifestar.
Agrego às palavras do Ver. Sebastião Melo – a gente não diverge em tudo – que
acho que é um caminho importante de a Câmara colocar suas Comissões mais perto
da população. Nisso nós concordamos, mas com relação à maioria dos temas que o
Ver. Sebastião Melo traz à tribuna nós não concordamos, porque destoamos no
sentido de entender o mundo. Entendemos o mundo de forma diferente. E isso é
bom respeitar, mas destoa. Mas, no mérito do que foi apresentado lá nós temos
uma discordância. Na nossa avaliação, Ver. Luiz Braz, o que foi apresentado lá
na audiência pública, o que aconteceu na praia de Belém Novo foi episódico.
Manteve-se um monitoramento das águas de Belém Novo por um largo tempo e nos
foram apresentados dados de que durante todo esse período em que a água foi
monitorada, ela era própria para banho. Houve um episódio, no final do mês de
fevereiro, quando houve uma incidência em que numa parte da praia as águas
coletadas resultavam como águas impróprias. É bom que se faça esse registro
aqui, porque, senão, não valeu a audiência; e a audiência apresentou dados
técnicos de que por um longo período, portanto por todo mês de janeiro, numa
boa parte do mês de fevereiro, todas as águas daquela região estavam próprias
para banho. Houve um período episódico, os gráficos mostram isso, e os outros
institutos que forem pesquisar vão ter de trabalhar com esses dados. O que
houve foi um incidente naquele período, e deve ser analisado o porquê, para
poder ser saneado e para que todos, aqui, possamos reverenciar, bater palmas,
porque é algo positivo entregarmos mais uma praia do lago Guaíba para a
população.
Gostaria de finalizar esta intervenção, em nome da Bancada do Partido dos Trabalhadores, chamando a atenção da Câmara de Vereadores para o tema do dia de hoje. Acredito que o mundo todo, Ver. Raul Carrion, deve estar discutindo algo hoje, que é o sentimento de toda humanidade, inclusive acredito que de boa parte dos norte-americanos, que é o sentimento de evitar que o mundo entre numa guerra. Uma guerra provocada por um império que pensa resolver todas as coisas através da força. O sentimento desta Câmara de Vereadores, neste momento, é poder fazer uma grande corrente de paz, se juntar à comissão da Assembléia Legislativa, porque é disso que precisamos.
Chegando
em casa, hoje, Ver.ª Margarete Moraes, ao meio-dia, para almoçar com as minhas
filhas, elas me disseram que, hoje, durante todo o dia, no colégio, vão
trabalhar com a questão da paz, e me entregaram um bracelete feito de pano,
onde estava escrita a palavra paz em azul, que o homem peça a paz, que a mulher
peça a paz, e, em verde, que a natureza peça a paz. As crianças do mundo
inteiro estão-se mobilizando. Até as crianças estão-se mobilizando nesse
sentimento, que é um sentimento de todos, de que dessa guerra, cujo começo há
muito está anunciado, ninguém sabe como é que se vai sair. Sabe-se que o
império está mostrando como vai entrar nessa guerra, que desconstitui a
soberania, desconstitui as relações de diálogo, coloca a ONU numa condição de
não ser mais respeitada por ninguém; o império sabe como começar essa guerra,
mas o perigo grande está em que ele não sabe como vai sair, e coloca toda
humanidade de joelhos a um tipo de relação que não serve a ninguém, porque esse
não é o caminho que a humanidade quer. O caminho que a humanidade quer é a paz,
é o diálogo, o da construção das idéias; não é a guerra, não é a imposição
bélica.
Portanto,
esta Casa, hoje, tem de se somar ao sentimento de todos os gaúchos, de todos os
brasileiros, do Presidente Lula, que já se manifestou a respeito; somar-se a
todos os que sabem que essa guerra é um erro. Manifestaram-se contra a guerra
também o Papa, como lembra o Ver. Raul Carrion, e todas as representações
religiosas. Acredito que, em todos os templos do mundo, hoje, de todas as
religiões, pessoas devem estar orando pela paz, porque é necessário que se faça
uma corrente para evitar que essa guerra comece. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Nobre Ver. Renato Guimarães, esta Mesa é
muito atenta. Está representada na Assembléia pela sua 1.ª Secretária.
Portanto, a Câmara Municipal de Porto Alegre está solidária com aqueles que não
desejam a guerra. Mais do que isso creio que nós não possamos fazer.
O
Ver. Wilton Araújo está com a palavra para uma Comunicação de Líder.
O SR. WILTON ARAÚJO: Sr. Presidente, Sr.as
Vereadoras e Srs. Vereadores, atento Vereador e caro amigo Ver. Isaac Ainhorn,
hoje nós tivemos, pela primeira vez, nesta Casa, a prova cabal do tipo de
atitude, do tipo de relacionamento, de como o Executivo Municipal trata os seus
funcionários, com que visão de futuro, de relação, de participação. Sobre essa
relação entre o Executivo e os funcionários esta Casa certamente se deve
debruçar. No caso específico dos trabalhadores da Saúde, quem acompanhou sabe
que houve um logro por parte do Executivo Municipal, quando editou um Decreto
que, no entendimento da Casa, dos servidores e de todos os que participaram da
negociação, era para protelar, para prorrogar, para postergar por 120 dias a
vigência desse Decreto, propiciando, com isso, um período capaz de negociação,
de aprofundamento das relações e do reconhecimento do movimento dos
trabalhadores da Saúde. Por fim, contrariamente, o Decreto logrou esses
intentos, desfez a mobilização dos funcionários, não cumpriu a negociação.
E
- eu dizia no início - surge, Ver. Dr. Goulart, graças a uma corrente e à união
dos trabalhadores da Saúde e sua organização, um documento que prova,
Vereadores da situação, aquilo que dizíamos há muito tempo: não é séria a
intenção do Executivo quando manda um e-mail
de orientação a todos os coordenadores da Saúde. Não bastasse o que é dito aqui
no ínterim, o item 9 traduz todo o tipo de relação que eles querem: “Essa
orientação deve ser reproduzida oralmente às chefias e aos servidores. Não se
constitui em uma orientação a ser impressa, tampouco colada em murais ou
paredes.” Secreta orientação, sub-reptícia! Era para forçar, mas não era para
ninguém saber. Era para impor o terror, Ver. Pedro Américo Leal, da orientação
oral, sob as penas da chefia: cortar as suas horas ou colocá-las no banco de
dados para futura negociação; receber a ordem e não escrevê-la; não argüir a
ordem, mesmo que sem orientação legal. Isso quer dizer que não se pode argüir a
orientação mesmo que ela seja ilegal, mesmo que ela não tenha fundamento. Isso
é forçar, cercear direitos, colocar o servidor público no terror! E isso nós já
havíamos ouvido, em várias outras ocasiões, que acontecia. Mas, é o primeiro
momento, Sr. Presidente, em que nós temos a prova. A prova do terror! Se falar,
se questionar, vai ser punido! Com base legal? Com base em portaria? Com base
em compromissos? Com base em acordo? Não, com base no terror! E assim, Sr.
Presidente e Srs. Vereadores, é chegado o momento de esta Casa, a partir desta
prova, convocar – esta é a palavra – o Sr. Secretário da Administração e o Sr.
Secretário da Saúde. Isto aqui é terror no meio do funcionalismo! Muito
obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Nobre Ver. Wilton Araújo, a Casa poderá
convocar o Secretário, sim, desde que haja um Requerimento nesse sentido.
Alerto que, às vezes, é mais interessante convidar o Secretário do que
convocá-lo. Convocados, ele terão que receber os quesitos que serão formulados
e terão o direito de responder apenas o que for ali perguntado.
O
Ver. Luiz Braz está com a palavra para uma Comunicação de Líder.
O SR. LUIZ BRAZ: Sr. Presidente, Ver. João Antonio Dib;
Srs. Vereadores, Sr.as Vereadoras, senhoras e senhores, há
determinadas frases que são ditas aqui desta tribuna, que eu acredito que as
pessoas ficam sem entendê-las. O Ver. Renato Guimarães veio até aqui e disse
que abomina, ou, não usou essa palavra, mas, de acordo com a sua frase, abomina
Fernando Henrique Cardoso, que esteve longe de satisfazer o gosto da nossa
população. Só que, senhores e senhoras, todos os dias nós estamos lendo, nos
jornais, nas revistas, ouvindo em rádios, televisão, que o atual Presidente da
República, o Sr. Lula da Silva, acaba se espelhando em todas as ações do
Fernando Henrique Cardoso, principalmente no plano econômico. Tanto isso é
verdade que até mesmo a ala mais radical, a ala “xiita” do seu Partido, acabou
tendo que ser submetida, à força, na reunião do final da semana passada.
Imagine,
Ver. Pedro Américo Leal, se fosse o Fernando Henrique Cardoso que anunciasse
isso que está aqui, bem pequenininho, no jornal Zero Hora, na página 35, mas que, afinal de contas, está anunciado
por dois Ministros do Sr. Lula da Silva: “Verbas para submarino nuclear”. Diz o
seguinte: que o submarino nuclear voltará a ser prioridade para o Governo. Mas,
Ver. Isaac Ainhorn, eu ouvi no início do Governo Lula, no mês de janeiro, que a
grande prioridade do Governo Lula seria o Programa Fome Zero. Agora que o
Programa Fome Zero foi bombardeado de várias maneiras, e que eles não sabem
como fazer o alimento chegar até as pessoas, não sabem como desenvolver esse
projeto, aí eu ouço, e leio aqui, Ver. Pedro Américo Leal, que a prioridade
para o Governo é submarino nuclear. Mas será que nós nos estamos preparando
para alguma guerra? Será que esse submarino nuclear tem que ser realmente uma
prioridade para as nossas defesas? Eu realmente fico pensando: será que nós
vamos ter que desviar tanto dinheiro, que poderia estar servindo para esse
Programa Fome Zero? Não para que ele fosse desenvolvido da forma como está
sendo proposta.
E
eu já disse várias vezes aqui, Ver. Pedro Américo Leal, eu não tenho medo de
afirmar, eu faria todas as ações do mundo que estivessem dentro dos meus
limites para apoiar um projeto que realmente visasse a acabar com a fome. Mas
não posso acreditar em um Projeto que simplesmente quer distribuir algum
dinheiro para algumas pessoas, que eles nem sabem onde se encontram, e que foi
inaugurado numa determinada região do Piauí, que as pessoas dizem que lá
estavam os mais miseráveis do nosso País. Se nós ingressarmos em algumas
regiões da nossa própria Cidade, que é uma Cidade evoluída, que está,
realmente, num plano superior, se formos comparar com o conjunto das cidades
brasileiras; se nós formos ingressar aqui na nossa Cidade, nós vamos encontrar
lugares de miséria extrema, Vereador. Nós vamos encontrar alguns lugares que
não precisaria o Lula da Silva, o Presidente da República, ir até o Piauí e abrir
passagem para visitar um lugar onde, realmente, nós temos lá uma vila que,
claro, precisa de todo o atendimento. Aqui tem, em todas as cidades tem, a fome
está espalhada por todo este País, mas só que combater da forma como querem
combater? Aí, não! Aí, eu acho que está mais cheirando à demagogia do que, na
verdade, uma tentativa real de enfrentar o problema. Eu quero ainda ouvir das
autoridades competentes, daquelas que lidam com esse Projeto da Fome, que eles
se enganaram, que o Projeto não era bem assim, porque não adianta! Deixaram de
receber 50 mil reais da modelo Gisele, no mês de janeiro, porque não tinham
conta para depositar. Agora, vão receber e não vão saber também o que vão fazer
com o dinheiro, pois receberam 4 mil quilos, de pessoas que fizeram doações e,
como não sabem como distribuir, estão dizendo que esses alimentos vão para os
sem-terra. E aí eu ouvi dizer aqui que esse é o segmento que realmente precisa
receber esses alimentos.
Eu
quero dizer que, se a prioridade passou a ser o submarino nuclear, aí,
realmente, voltamos, Ver. Sebastião Melo, a ter em nosso País o “samba do
crioulo doido”. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Havendo quórum, passamos à
Na
Ordem do Dia de hoje, em primeiro lugar, temos que analisar doze Vetos. Como
todos têm como data final o dia de ontem, a Ordem do Dia fica trancada a partir
deste momento. Então, a Mesa diz às Lideranças que, se desejarem, podem
escolher qual o Veto a ser votado em primeiro lugar. Solicito que as Lideranças
se reúnam e decidam.
A
voz do Plenário diz que é na ordem. A Presidência também entende que a ordem, a
seqüência não deva ser alterada, mas, excepcionalmente, como todas as matérias
têm a mesma importância, não faria diferença.
(discussão: todos os
Vereadores/05minutos/com aparte;
encaminhamento: autor e bancadas/05
minutos/sem aparte)
PROC.
3603/01 – VETO PARCIAL ao PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR DO LEGISLATIVO Nº 022/01, de autoria do Ver. Ervino Besson, que
cria o Conselho Municipal de Justiça e Segurança, os Fóruns Municipais
Regionais de Justiça e Segurança e os Conselhos Comunitários de Justiça e
Segurança.
Parecer:
- da CCJ. Relator Ver. Luiz Braz: pela rejeição do Veto Parcial.
Observações:
- para aprovação, voto favorável da maioria absoluta dos membros da CMPA
– art. 77, § 4º, da LOM;
- votação nominal nos termos do art. 174, II, do Regimento da CMPA.
Na apreciação do Veto, vota-se o
Projeto:
SIM – aprova o Projeto, rejeita o Veto;
NÃO – rejeita o Projeto, aceita o Veto.
- Trigésimo dia: 18-03 (terça-feira).
O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Em discussão o PLCL n.º 022/01, com Veto
Parcial, que cria o Conselho Municipal de Justiça e Segurança, os Fóruns
Municipais, Regionais de Justiça e Segurança e os Conselhos Comunitários de
Justiça e Segurança. (Pausa.) Não há quem queira discutir. Em votação o PLCL
n.º 022/01. O Ver. Ervino Besson está com a palavra para encaminhar a votação
do PLCL n.º 022/01, com Veto Parcial.
O SR. ERVINO BESSON: Sr. Presidente; Srs. Vereadores; Sr.as
Vereadoras; senhoras e senhores que nos acompanham nas galerias e na TVCâmara,
quero saudá-los. No final do ano passado, nas últimas Sessões desta Casa,
tivemos uma ampla discussão, quando os Vereadores tiveram oportunidade de
colocar suas idéias, porque havia dois Projetos. Um deles era deste Vereador,
que criava uma discussão com a comunidade. Foi montado esse Projeto juntamente
com a Diretoria do CONSEPRO da Vila Nova. Foi um Projeto amplamente discutido,
votado nesta Casa e aprovado, somente com o Parecer contrário do Ver. Pedro
Américo Leal, homem que entende amplamente dessa área.
Depois,
surgiu aqui nesta Casa, meus caros Vereadores, um outro Projeto do Executivo
Municipal, que criava a Secretaria Municipal dos Direitos Humanos e da
Segurança, e foi feita aqui uma ampla discussão. O Ver. João Carlos Nedel
procurou-me e sugeriu que votássemos pela derrubada do Veto. Fiz algumas
colocações ao Vereador, que entendeu perfeitamente e agradeço de público. Também
o Ver. Luiz Braz deu o Parecer pela derrubada do Veto.
Como
eu estava colocando aos nobres colegas Vereadores, nós fizemos uma ampla
discussão desse Projeto, e a idéia deste Vereador, que foi trazida para esta
Casa, discutida na comunidade, juntamente com a Diretoria do CONSEPRO da Vila
Nova e com aquela comunidade. A idéia principal deste Vereador é que fosse
criado um Conselho que permitisse que as comunidades discutam amplamente a
respeito da segurança da Cidade com todos os segmentos, todas as entidades e todos os órgãos a respeito da insegurança.
Portanto,
colegas Vereadores e Vereadoras, peço aqui que nós votemos pela manutenção do
Veto do Executivo Municipal, porque a idéia principal foi incluída junto a esse
Projeto da criação da Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Segurança.
Muito
obrigado, meu caro Ver. Pedro Américo Leal, que sempre tem dado uma grande
colaboração e grandes idéias, porque V. Ex.ª é um homem que, na área da
Secretaria de Segurança, não só este Vereador, mas toda a Casa tem de
respeitá-lo pela sua história, pela sua luta. Todas as suas idéias, nobre
Vereador, sempre serão aproveitadas não só nesta Casa, mas em todos os debates,
inclusive no seu programa de televisão, que muita gente assiste. V. Ex.ª, nessa
área, sabe muito, e nós temos muito que aprender com V. Ex.ª. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): A Ver.ª Clênia Maranhão solicita Licença
para Tratamento de Saúde nos dias de 19 e 20 de março de 2003, conforme
atestado médico anexo.
O
Ver. Luiz Braz está com a palavra para encaminhar a votação do PLCL n.º 022/01,
com Veto Parcial.
O SR. LUIZ BRAZ: Sr. Presidente, Sr.as
Vereadoras e Srs. Vereadores, com certeza absoluta, dentro da Lei Orgânica do
Município, lá no art. 94, existe uma vedação para que Vereadores apresentem
Projetos criando estruturas que são próprias do Poder Executivo. Está lá que é
do Sr. Prefeito Municipal apresentar tais Projetos de Lei. Aliás, eu acho que
os Vereadores deveriam - e não é nenhuma reprimenda aos Vereadores, mas os
Vereadores têm discutido muito este tema - ler mais o art. 94 da Lei Orgânica,
porque, lá, neste artigo, existem os únicos projetos, as únicas proposições das
quais o Prefeito é o dono da iniciativa, não pode passar essa iniciativa para o
Poder Legislativo. Neste Processo, Ver. Juarez Pinheiro, V. Ex.ª, que milita
comigo na Comissão de Justiça há muitos anos, existe exatamente uma discussão
que, há muito tempo, nós fazemos na Comissão de Justiça, a qual se divide com
relação à possibilidade que tem o Vereador de apresentar projetos
autorizativos. Assim, tramitou aqui, Ver. Isaac Ainhorn, o Projeto de autoria
do Ver. Nereu D’Avila, quando sugeriu a criação da Secretaria de Segurança
Pública. O Projeto da Secretaria de Segurança Pública tramitou, inicialmente,
como se o Vereador quisesse obrigar a criação dessa Secretaria, mas uma Emenda
deste Vereador transformou aquele Projeto do Ver. Nereu D’Avila num projeto
autorizativo, e eu o fiz exatamente para que, no meu modo de entender, pudesse esse
óbice que existe lá no art. 94 ser retirado. Se existe uma primazia, uma
prerrogativa do Sr. Prefeito Municipal de apresentar Projetos que criam
Secretarias, que criam as estruturas do seu Governo, então não pode o Vereador
aqui apresentar o Projeto, mas, Ver. Pedro Américo Leal, pode, no meu modo de
entender, e de parte também dos doutrinadores, o Vereador apresentar um projeto
autorizando, porque aí o Prefeito vai fazer se quiser; se ele preferir não
fazer, não faz, ele não está obrigado a fazer, ele vai fazer se ele resolver
que aquela proposição vai ser útil para a sua estrutura de Governo. Então,
nesse caso, Ver. Pedro Américo Leal, pode o Vereador fazer um projeto
autorizativo, porque esse projeto é da linha política. Nós estamos aqui num
Parlamento, e se nós estamos aqui num Parlamento, nós temos de criar fatos
políticos, e o projeto autorizativo foi criado para os Legislativos exatamente
poderem discutir sem que com isso ferissem a constitucionalidade dessas
questões, que são questões, muitas vezes, que dizem respeito a todo conjunto de
uma sociedade, como é o caso, por exemplo, daquela Secretaria que nós criamos
aqui e depois o Prefeito Municipal, não querendo aceitar a proposição desta
Casa, acabou mandando para cá uma estrutura mais ou menos semelhante.
Então,
por isso mesmo, por vício de iniciativa, como foi vetado este Projeto, eu
acredito que nós não podemos aceitar, porque nós estaríamos aceitando uma
interferência num poder que nós temos aqui, que é o de discutir matérias
políticas. Nós não podemos aceitar essa interferência do Executivo aqui no
Poder Legislativo. Nós temos de continuar com essa prerrogativa de continuarmos
discutindo as questões políticas, as questões prioritárias da Cidade, através
de projetos autorizativos, como este apresentado pelo Ver. Ervino Besson. Por
isso, o nosso Parecer da Comissão de Justiça foi contrário ao Veto e o nosso
voto também aqui neste Plenário será exatamente o mesmo: será contrário ao Veto
do Sr. Prefeito Municipal. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Reginaldo Pujol está com a palavra
para encaminhar a votação do PLCL n.º 022/01, com Veto Parcial.
O SR. REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, Sr.as
Vereadoras, Ver. Carlos Alberto Garcia, veja V. Ex.ª, nós temos um
paradoxo sensacional. Vereador-Presidente, nós estamos diante de um Veto, que
se estriba no fundamento de que a iniciativa não cabia ao Ver. Ervino Besson,
autor das Emendas afinal consagradas por este Plenário. Ora, Senhores, o Ver.
Ervino Besson não teve iniciativa de nada. O Vereador fez uma Emenda a um
Projeto de iniciativa do Governo Municipal. Ele que pediu autorização da Câmara
para constituir a Secretaria de Segurança e os Conselhos, e o Ver. Ervino
Besson, que tinha a autoria de Projeto semelhante, no que diz respeito ao
Conselho, hábil e tempestivamente, inteligentemente, colocou Emenda aos artigos
que agora são vetados. Ora, Sr. Presidente, quero chamar a responsabilidade
desta Casa, se acolhermos este Veto, não poderemos mais emendar nenhum Projeto
que aparecer, aqui, na Câmara, porque o que está-se dizendo, em última razão, é
que a Emenda tempestivamente, habilmente apresentada pelo Ver. Ervino Besson,
constitui vício de iniciativa. Ora, a iniciativa não foi do Ver. Ervino Besson.
Quem propôs o Projeto foi o Prefeito João Verle, que recebeu Emendas da Casa
para compatibilizá-lo com o Projeto do Ver. Nereu D’Avila, condição para
merecer aprovação deste Legislativo. Todos nós sabemos que este Projeto, Ver.
João Antonio Dib, só foi aprovado diante dessa composição feita com as várias
matérias que transitavam na Casa.
Então,
quero com toda a lisura, dizer que o Veto Parcial a este Projeto, exatamente,
recaindo este Veto sobre Emendas de Vereadores, que têm o direito e a obrigação
de fazê-lo, se entenderem que a matéria está a carecer reparos, deve emendá-los
e o conjunto da Casa, o sodalício, na sua condição plena, vai, por maioria,
decidir, se a Emenda se justifica ou não se justifica. Foi o que ocorreu.
Então, é incabível este Veto, Ver. Luiz Braz, que aqui veio defender os
projetos autorizativos. No caso, projeto autorizativo é o próprio Governo
Municipal que pede autorização para proceder na forma que a Câmara dispor. É o
que está escrito na Lei Orgânica do Município. O privilégio do Executivo, a
competência privativa, é de iniciar o processo. Sobre isso, nós discutimos
várias vezes, mas dispor sobre as matérias que transitam nesta Casa é
competência de todos os integrantes desta Casa, porque se não tiver essa
competência, se nós não tivermos condições de dispor sobre as matérias que nos
são submetidas, não teremos o que fazer nesta Casa, teremos de, simplesmente,
pedir desculpas aos eleitores e dizer que a delegação que nos ofereceram é
inconseqüente, porque nós não podemos dispor das matérias que nos são
submetidas à apreciação. Foi o que ocorreu. Submetida à apreciação, houve
inúmeras Emendas e V. Ex.ª foi premiado, Ver. Ervino Besson, foram vetadas
exatamente aquelas matérias a que V. Ex.ª, hábil e tempestivamente, propôs as
Emendas, que foram dentro daquele consenso que se criou na Casa, do qual eu não
participei, e geraram a aprovação do seu Projeto. E as suas proposições são
absolutamente legais, regimentais, inseridas dentro da prática parlamentar!
Quando os Parlamentos tiverem apenas que dizer “sim” ou “não” para o Executivo
é o fim do processo da democracia representativa! Quando Vereadores como V.
Ex.ª, Ver. Ervino Besson, não puderem emendar um Projeto de Lei de origem do
Executivo, nós não temos mais o que fazer nesta Casa.
Então,
quero chamar a atenção e convocar os colegas para que se posicionem nessa
matéria, não pelo mérito, que já é suficientemente razão para que a gente se
posicione favoravelmente, mas que se posicionem na defesa das prerrogativas dos
Parlamentos, especialmente desta Casa. É o que está em jogo no momento!
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Juarez Pinheiro está com a
palavra para encaminhar a votação do PLCL n.º 022/01, com Veto Parcial.
O SR. JUAREZ PINHEIRO: Sr. Presidente, Ver. João Antonio Dib,
Srs. Vereadores, Sr.as Vereadoras. Estamos iniciando hoje a primeira
Sessão, talvez de várias, Ver. Isaac Ainhorn, que vamos enfrentar nos próximos
dias, nas próximas semanas, relativa a Projetos de Lei que receberam Veto do
Chefe do Executivo Municipal.
Em
primeiro lugar, Ver. Reginaldo Pujol, que fez a intervenção anterior, é preciso
um importante registro que mostra a qualidade da relação existente entre Poder
Executivo e Poder Legislativo. O Ver. Luiz Braz lembra, por exemplo, que nós
aprovamos, acredito, mais de uma centena de Projetos no mês de dezembro de
2002, portanto no ano que passou. De todos esses Projetos de Lei - Emendas à
Lei Orgânica, Projeto de Lei Complementar, Lei Ordinária -, apenas 15 Vetos foram
apostos pelo Chefe do Poder Executivo. Isso, de plano, mostra a relação
existente, a compreensão que tem o nosso projeto político, o nosso Governo, no
recebimento de propostas oriundas do Poder Legislativo, o que, de pronto, Ver.
Luiz Braz, desconstitui as intervenções, tanto do Ver. Luiz Braz, quanto do
Ver. Reginaldo Pujol, no que tange a sua materialidade. Não existe o que aqui
foi colocado.
Nós,
por exemplo, neste caso, estamos cumprindo um acordo que fizemos com o ilustre
e dedicado Ver. Ervino Besson, porque todas as matérias - frutos da discussão
que ele promoveu com a comunidade - foram colocadas num Projeto que foi
“consensado” com o nosso Governo, com a participação decisiva do Ver. Nereu
D’Avila, que qualificou ainda mais a iniciativa da criação da Secretaria
Municipal de Direitos Humanos e também - com a intervenção do Ver. Nereu
D’Avila – a de Segurança Urbana, e o trabalho do Ver. Ervino Besson foi
contemplado nessa proposta. Temos hoje uma experiência, talvez, até pioneira,
no que tange a sua qualidade.
De
outra parte, acordos feitos com o próprio Ver. Reginaldo Pujol, relativos a
Projetos que ele tratou no final do ano de 2002, acordos todos respeitados;
acordos feitos com o Ver. Luiz Braz, num Projeto de sua autoria que trata de
imóveis que estejam com problemas de regularização, acordo respeitado.
Portanto,
todos os acordos que foram feitos pela Liderança da nossa Bancada foram
respeitados e dessa forma qualificamos a relação do diálogo com esta Casa.
De
outra parte, não pode transitar em julgado, aqui, neste momento em que
iniciamos a apreciação desses Vetos, duas questões básicas.
A
primeira delas é a da concepção, da compreensão do que seja veto; o que seja
veto por interesse público, o que seja veto por constitucionalidade. Tanto o Poder
Executivo, quanto o Poder Legislativo têm obrigações de ordem constitucional de
fazer o controle da constitucionalidade das leis.
O
Poder Executivo, quando se trata de algo absolutamente inconstitucional, não
tem só o direito, tem o dever de cumprir a sua responsabilidade como Governo,
de apontar a inconstitucionalidade, e esta Casa também tem, nas suas Comissões
Técnicas, a obrigação do controle de constitucionalidade das leis.
Portanto,
aquilo que elaborou verbalmente, aqui, o Ver. Luiz Braz, é absolutamente, do
ponto de vista jurídico, equivocado. Pressuposto de uma norma autorizativa é a
competência originária que tenha ou não tenha o Poder.
É
indelegável a competência, a iniciativa do Poder Executivo nas matérias que
constitucionalmente são colocadas, seja um Projeto autorizativo ou não seja.
E,
de outra parte, é preciso a compreensão de que o projeto autorizativo - esse é
o debate Ver. Pedro Américo Leal - é uma invasão que faz o Legislativo,
positiva, no sentido de chamar atenção para algo que não reuniu, no processo
eleitoral, condições de ser o autor da iniciativa. Quando faz a autorização já
sabe que o Poder Executivo independe dessa autorização para propor esta
matéria. Não é o Legislativo que vai dar competência nessas matérias ao
Executivo, o Executivo já as detém pela questão do processo democrático, pela
estrutura jurídica do Estado Democrático de Direito. Já aí há uma invasão do
princípio da independência e harmonia entre os Poderes. Agora, isso é válido
politicamente, nós fazemos isso também; agora, quando o Executivo veta, ele
cumpre uma obrigação que é cogente de apontar inconstitucionalidade. E o fato
de ser autorizativo não retira a mácula de inconstitucionalidade. Portanto
equivoca-se o Ver. Luiz Braz, e eu aqui que me filio ao que o Vereador que por
longos anos presidiu a Comissão de Justiça, Ver. Elói Guimarães, tem colocado
na Comissão de Constituição e Justiça... Nas Comissões Técnicas nós somos
obrigados a apreciar a legalidade e a constitucionalidade, no caso da Comissão
de Constituição e Justiça, das matérias.
Portanto
a elaboração que faz o Ver. Luiz Braz é, na verdade, a busca de fazer um
desgaste de algo que não se sustenta no Direito, não se sustenta na realidade.
Não estou falando, Ver. Luiz Braz, do direito que tem o Vereador de fazer a
disputa política com projeto autorizativo, mas, a partir do momento em que há o
veto, já significou que aquela mensagem já foi ouvida. Agora, o Poder Executivo
não precisa dessa autorização nossa, ele já a detém e isso deriva do Estado
Democrático de Direito e da própria democracia.
Portanto,
vamos iniciar a Sessão de vetos com essa marca, Ver. Luiz Braz, todos os
acordos que fizemos com a oposição foram cumpridos, apenas quinze Vetos de mais
de uma centena de Projetos que foram aprovados. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Isaac Ainhorn está com a palavra
para encaminhar a votação do PLCL n.º 022/01, com Veto Parcial.
O SR. ISAAC AINHORN: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, quem
faz uma oposição conseqüente e responsável, como é a oposição do PDT, aliada a
outros segmentos aqui da Casa, não tem receios, nem problemas, quando alguns
entendimentos no interesse da Cidade são contemplados. É o que aconteceu com o
posicionamento do Ver. Ervino Besson. O Ver. Ervino Besson já veio aqui como
autor da iniciativa e informou, posicionou-se pela manutenção do Veto com o
argumento muito claro de que houve entendimento, que, por ocasião da criação da
Secretaria dos Direitos Humanos e Segurança Pública, a sua proposta foi
contemplada. Portanto, o seu Projeto autorizativo ficou arredado, ele conseguiu
muito mais, Ver. Reginaldo Pujol! Ver. Reginaldo Pujol, acorde! Ele conseguiu
aprovar a sua Emenda no art. 5.º do Projeto que cria a Secretaria de Direitos
Humanos e Segurança Pública: “Ficam criados o Conselho Municipal...” “Ficam
criados”, não é “autoriza”, é muito mais. Apesar dessa concepção conservadora
do Ver. Juarez Pinheiro, do ponto de vista jurídico de não aceitar o Projeto
autorizativo, questionando a sua constitucionalidade, a nosso ver, do ponto de
vista jurídico, seria uma concepção extremamente conservadora. “Ficam
criados..”, aí é que ele conseguiu ir muito além! A inteligência e perspicácia
do Ver. Ervino Besson. “Ficam criados o Conselho Municipal de Justiça e
Segurança e Fóruns Regionais de Justiça e Segurança, visando a diagnosticar as
causas e conseqüências da violência urbana e formular a política municipal de
segurança pública”. Nós, da oposição, neste momento, em face dessa Lei,
queremos a criação do Conselho, nós queremos a implantação do Fórum, sob pena
de, daqui a pouco, o Prefeito... Aliás, estamos fazendo um estudo sobre o
cumprimento de leis e descumprimento de normas cogentes que o Sr. Prefeito está
se omitindo. De repente esse assunto vai cair na Comissão de Justiça, matérias
que ele tem que observar, e talvez até por falha da sua assessoria. O Prefeito
João Verle é um homem bom, generoso, é um homem pacato e que não toma algumas
iniciativas porque a sua assessoria não leva os assuntos concretos a ele. Está
aí a angústia do Presidente Luiz Inácio agora tendo que tomar medidas fortes,
porque o seu Ministério da Área Social não implementa as propostas que ele
pretende implementar, sobretudo no Programa Fome Zero e outras estruturas da vertente
da qual nós participamos, Ver. Reginaldo Pujol. O seu Partido, o PFL, parece
que não está fazendo oposição ao Governo Luiz Inácio Lula da Silva. No mínimo,
me consta isso: não está fazendo oposição! O PFL historicamente gosta de estar
ali, se não no Governo, ali na borda. Está ali, está conversando. É tipo o PMDB
do Ver. Sebastião Melo.
O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Nobre Vereador, V. Ex.ª está encaminhando
o Veto, não é uma discussão partidária.
O SR. ISAAC AINHORN: Mas eu tenho de fazer raciocínios mais
amplos, porque na dinâmica tem de avaliar dentro da conjuntura. Eu estou
tratando até de responsabilidade. O Dr. José Sarney, Presidente do Senado, está
alinhadíssimo com o PT, fazendo a política do PT ali. Não vou falar do
representante do capital financeiro do mundo - não é do País, é do mundo -, o
Dr. Meirelles, do Banco Central.
O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Nobre Vereador, V. Ex.ª encaminha um
Veto.
O SR. ISAAC AINHORN: Como não? Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, ora, aqui o Ver. Ervino Besson foi competente e tem de haver um
reconhecimento dos segmentos que ele representa nesta Casa, porque ele está
colocando com muita perspicácia, com muita visão, com muita correção o
problema. Já conseguiu a implantação. Portanto, não há por que não manter o
Veto. Seria até inócuo, seria letra morta, de tantas leis que existem.
O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Tempo encerrado, Vereador.
O SR. ISAAC AINHORN: Obrigado. Eu só queria que V. Ex.ª
tivesse com este Vereador a generosidade que normalmente tem com os demais,
porque V. Ex.ª sempre me alerta; os outros V. Ex.ª não alerta. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): V. Ex.ª, nobre Vereador, não é muito
atento no Plenário. Todos os Vereadores, quando passam do tempo, são alertados.
Sempre permito que o pensamento seja concluído. Não faria injustiça com V.
Ex.ª, até porque não merece que se faça injustiça.
O
Ver. Sebastião Melo está com a palavra para encaminhar a votação do PLCL n.º
022/01, com Veto Parcial.
O SR. SEBASTIÃO MELO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, antes
de entrar no mérito desta matéria, queria fazer três perguntas ao Ver. Isaac
Ainhorn: ele pertence ao PDT coerente ou incoerente? Porque tem um PDT, por
exemplo, que apoiou a prorrogação do mandato do Presidente Figueiredo. Não sei
se o Vereador pertenceu a ele. Teve outro que apoiou a permanência, não o impeachment do Collor. Eu acho que o
Ver. Isaac também não esteve lá. Não sei a qual PDT ele pertence, se é àquele
que diz que vai para as ruas, combater as reformas do Lula, ou se é àquele que
vai manter os cargos no Governo Lula. Não sei a qual PDT ele pertence, se é
àquele que detém cargos no Governo do Estado, mas muitas vezes não vem à
tribuna...
O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Parei o tempo de V. Ex.ª, Ver. Sebastião
Melo; para que o Ver. Isaac Ainhorn não reclame, alerto a V. Ex.ª que estamos
discutindo um Veto.
O SR. SEBASTIÃO MELO: Só queria deixar esta provocação. Vamos
aos fatos: se não me engano, me abstive de votar este Projeto, ou votei contra,
mas tenho externado da tribuna - e a minha posição vai ser exatamente esta -
que sou contrário a qualquer projeto autorizativo, e, portanto, enquanto
exercer mandato nesta Casa, nunca apresentarei projeto autorizativo, porque tenho
uma visão sobre isso, e acho que poderíamos ter, quem sabe, um instrumento
nesta Casa, um indicativo, tudo bem, mas autorizar ou não autorizar, Ver.
Juarez Pinheiro, na minha avaliação, não tem nenhuma validade. Esta é uma
posição política, e vou-me abster de votar esta matéria, porque não caminho
nessa direção. Sei que é uma disputa política às vezes legítima, mas acho que a
Casa poderia avançar, Ver. Luiz Braz, numa outra direção, num amadurecimento.
Hoje é uma frente política que está no Governo, amanhã poderá ser outra frente
política, e posso pertencer a ela, assim como V. Ex.ª, e isso tem que valer
para todos os momentos. Então, acho que é muito valioso...
(Aparte anti-regimental do Ver.
Reginaldo Pujol.)
Não
tem absolutamente nada de adesão, tem aquilo que eu penso: eu não acredito em
projeto autorizativo. Eu não acredito em projeto autorizativo! Deve-se fazer
uma lei que obrigue o Prefeito Municipal, o Governador ou o Presidente da
República a aplicar esta lei, mas “autorizo a criar isso, autorizo a fazer
aquilo”, não; me desculpem.
Portanto,
apenas venho à tribuna para registrar que vou-me abster de votar esta matéria,
porque tenho uma convicção férrea, firme, de que os projetos autorizativos, por
mais justos que sejam - e não quero aqui tecer comentários, acho que cada um
tem o seu mérito, e o Ver. Ervino Besson é um grande Vereador desta Casa, o
Ver. Nereu D’Avila, e tantos outros, portanto são eixos de discussão e não vou
entrar no mérito - mas tenho uma posição sobre isso: eu não acredito nos
projetos autorizativos. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Solicito ao Ver. Luiz Braz que assuma a
Presidência dos trabalhos para que eu possa encaminhar a matéria.
(O
Ver. Luiz Braz assume a presidência dos trabalhos.)
O SR. PRESIDENTE (Luiz Braz): O Ver. João Antonio Dib está com a
palavra para encaminhar a votação do PLCL n.º 022/01, com Veto Parcial.
O SR. JOÃO ANTONIO DIB: Sr. Presidente, Sr.as
Vereadoras e Srs. Vereadores, eu não canso de me espantar com a Administração
da Prefeitura. Houve um determinado momento em que esta Casa aprovou um projeto
autorizativo e ele foi sancionado no Salão Nobre com festa, e eu fui participar
da festa, e disse que eu queria falar; era festa! Eu era Vereador da Cidade, e
o Prefeito Tarso Fernando me cassou a palavra; depois de ter sido autorizado a
falar, não me deixaram falar, porque era festa para um projeto de lei
autorizativo. Eu terminei estragando a festa do Prefeito, porque levantei com
aquela tranqüilidade de sempre, e disse: “Prefeito, já que não me deixam falar,
eu não tenho nada que fazer aqui. O senhor me dê licença que vou me retirar”. E
a televisão foi atrás de mim e não ficou com ele.
Agora
o Prefeito veta, parcialmente, um projeto de lei autorizativo. É preciso
entender se ele vetou parcialmente: “...em comento, orientado no interesse
público no mais alto e estrito julgamento de mérito administrativo, fundado nos
critérios de conveniência e oportunidade, e ainda, por evidenciar no PLL alguns
vícios de inorganicidade e ilegalidade, veto os seguintes dispositivos:...” Ele
tinha de vetar todo o Projeto. Eu não sei o que faz a assessoria dele; ele
tinha de vetar todo o Projeto, ele não podia vetar parcialmente. É preciso que
o Prefeito aprenda, com toda a sua Procuradoria, que aquilo que é autorizativo
não é obrigado a fazer. Ele estaria poupando o tempo desta Casa em não vetando,
apenas não faz. Mas parece que a administração prefeitoral fica sempre muito
sensibilizada quando as coisas não são feitas de forma que a administração
prefeitoral preconiza. Por isso é que estão acontecendo coisas como essa.
É
um Projeto Autorizativo, se ele tivesse que vetar, que vetasse todo. Eu me
coloco ao lado dos Vereadores que são contrários ao projeto autorizativo. Mas,
se eles foram aprovados no Plenário, são Projetos da Casa, não são mais do
Vereador e nem da minoria que votou contrariamente. É da Casa! Passou um
Projeto de Lei do Legislativo Municipal autorizando o Prefeito a fazer alguma
coisa; usará ou não a autorização. Ninguém é obrigado a usar a autorização, até
se ele dá. Até quando eu chamo o meu filho e digo a ele, por exemplo: meu filho
você pode fazer isso. Se ele não quiser fazer... Eu não determinei a ele que
fizesse. Mas é tão flagrante isso que eu não entendo por que o Prefeito mantém
uma Procuradoria tão cara e faz um Veto Parcial em um Projeto Autorizativo
alegando que é autorizativo. Ele teria que dizer onde foi contrariado o
interesse público, onde está a inconstitucionalidade do todo, não de uma parte.
Todo ele é a mesma coisa, todo ele é o Projeto Complementar do Legislativo.
Portanto,
não vejo como apoiar a administração prefeitoral, e mais essa barbaridade que
aqui acontece. Saúde e paz! Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
(O
Ver. João Antonio Dib assume a presidência dos trabalhos.)
O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Em votação nominal o PLCL n.º
022/01. (Após a apuração nominal.) REJEITADO o Projeto por 07 votos SIM, 14 votos NÃO e 02 ABSTENÇÕES,
considerando-se mantido o Veto a ele aposto.
DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO NOMINAL
(discussão: todos os
Vereadores/05minutos/com aparte;
encaminhamento: bancadas/05 minutos/sem
aparte)
PROC.
3003/02 – VETO PARCIAL ao PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR DO EXECUTIVO Nº 004/02, que altera as Leis Complementares n.os
07, de 1973, 48, de 1979, e 197, de 1989, e a Lei n.º 7.773, de 1996,
revoga dispositivos das Leis Complementares n.os 07, de 1973, 197,
de 1989, e 396, de 1996, e dá outras providências (concede incentivo para a
manutenção da atividade agropecuária, preservação ambiental e
histórico-cultural no Município; introduz correções no cadastro imobiliário do
IPTU; entre outras disposições).
Parecer:
- da CCJ. Relator Ver. Nereu D’Avila: pela rejeição do Veto Parcial.
Observações:
- para aprovação, voto favorável da maioria absoluta dos membros da CMPA
– art. 77, § 4º, da LOM;
- votação nominal nos termos do art. 174, II, do Regimento da CMPA.
- adiada a discussão por uma Sessão.
Na apreciação do Veto, vota-se o
Projeto:
SIM – aprova o Projeto, rejeita o Veto;
NÃO – rejeita o Projeto, aceita o Veto.
- Trigésimo dia: 18-03 (terça-feira).
O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Em discussão o PLCE n.º 004/02, com Veto
Parcial. O Ver. Marcelo Danéris está com a palavra para discutir.
O SR. MARCELO DANÉRIS: Sr. Presidente, Ver. João Antonio Dib,
Srs. Vereadores, Sr.as Vereadoras, público que nos acompanha aqui e
pela TVCâmara, eu me inscrevi para falar em nome da Liderança do PT e do
Governo, para trazer, de público, a proposta que nós estamos fazendo em relação
a essa Emenda ao Projeto do IPTU, apresentada pelo Ver. Isaac Ainhorn, em
relação a isenção da taxa de lixo para boxes comerciais.
O
Ver. Isaac Ainhorn está corrigindo que é exclusão, isenção é benefício.
Eu
quero explicar a proposta...
O
Sr. Isaac Ainhorn: V.
Ex.ª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Eu só queria dizer a V.Ex.ª,
para fazer uma correção, que não é isenção, é exclusão; porque isenção é um
benefício e exclusão é porque não há fato gerador, porque boxe não produz lixo.
Obrigado.
O SR. MARCELO DANÉRIS: Ver. Isaac Ainhorn, a proposta trazida
pelo Governo - ao Ver. Isaac Ainhorn, assim como às entidades que representam
aqui os comerciantes que têm boxes, donos de restaurantes, estacionamentos em
geral e outros, que têm interesse direto neste projeto - a disposição do
Executivo Municipal, através do Secretário Municipal da Fazenda, que este Líder
de Governo se propõe a participar conjuntamente e a convidar o Ver. João Carlos
Nedel, que participa há longa data deste debate, todas as entidades aqui
representadas, o Ver. Isaac Ainhorn, que é o proponente desta Emenda, para que
nós, mantendo este Veto, possamos construir esse Projeto para ser enviado ainda
este ano, definindo ou isenção ou exclusão.
Portanto,
há aqui uma renúncia de receita em torno de 1 milhão e 500 mil reais, como ela
é compensada dentro do processo da receita do IPTU da Prefeitura... Mas o
importante é estabelecer, de imediato, com a palavra do Secretário Municipal da
Fazenda, o nosso companheiro Ricardo Collar, deste Líder de Governo, autorizado
pelo Governo, para construir este Projeto, conjuntamente com os Vereadores que
estão tratando da matéria, com as entidades representadas - todas elas que
queiram participar - e o Secretário da Fazenda, e enviar, ainda neste ano, um Projeto
para esta Casa, tratando, então, da isenção ou exclusão, aí a própria Mesa pode
definir melhor isso, dos boxes comerciais, e não só os boxes comerciais, Ver.
Luiz Braz, mas há uma série de outros boxes que atingem a mesma faixa - é o que
o Ver. João Carlos Nedel trata, a questão das igrejas, dos clubes de mães, das
creches, etc. -, há uma série de situações da mesma ordem que não produzem um
benefício e, sim, por justeza, e nós queremos um tributo justo.
Com
a proposta, então, mantemos este Veto e imediatamente colocamos isso, tem o
compromisso público - público, está aqui o Líder do Governo para dizer isso -,
que o Governo constrói essa proposta e traz neste ano. Constrói essa proposta
não unilateralmente, mas com a participação dos Vereadores e com a participação
das entidades representadas.
Portanto,
achamos que o Veto, como está, deve ser mantido, a Emenda proposta pelo
Vereador Isaac Ainhorn é insuficiente para resolver as questões que envolvem
outros interesses, inclusive esses que eu falei agora, Ver. João Carlos Nedel,
os clubes de mães, igrejas, etc., ela é insuficiente para isso, e também para
resolver, dentro da receita do Município, o que não é apenas renúncia de
receita mas que pode ser tratado também com o equilíbrio da receita e de um tributo
justo no município de Porto Alegre.
Essa
é a disposição de diálogo, de vontade, este é o aceno que o Governo faz e a
Bancada do Partido dos trabalhadores faz, o convite ao Ver. Isaac Ainhorn para
que, juntos, possamos, com o Ver. João Carlos Nedel, com todas as entidades e
com o Secretário da Fazenda Ricardo Collar, construirmos essa proposta para ser
apresentada e votada por nós, ainda neste ano, para já estar valendo a partir
do ano que vem. Esta é a disposição do Governo, diante da simplificação que o
Projeto tratou e da insuficiência para resolver o conjunto de problemas que nós
temos.
Então,
nós estamos pedindo a manutenção do Veto e acenando com a possibilidade de
construirmos juntos uma proposta que seja boa e benéfica para a cidade de Porto
Alegre e para todas as partes interessadas. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Reginaldo Pujol está com a palavra
para discutir o PLCE n.º 004/02, com Veto Parcial.
O SR. REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente. Sr.as
Vereadoras e Srs. Vereadores. Corro o risco de ser repetitivo. Corro o risco de
ter que reeditar outros pronunciamentos já ocorridos aqui na Casa em situações
símiles, mas é o caso concreto. Estamos enfrentando um Veto Parcial do Sr.
Prefeito Municipal que veta uma disposição de uma lei aprovada por esta Casa,
de sua iniciativa, lei essa que recebeu mensagem retificativa e 28 emendas, na
sua grande maioria aprovadas na Casa, eis que a amplitude da proposta do
Executivo que concedia incentivos para a produção e manutenção da atividade
agropecuária, para a preservação ambiental, introduzia correções no cadastro
imobiliário do Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana e dava
outras providências. A amplitude dessa proposição ensejou uma quantidade imensa
de emendas, porque se tratava de tudo nesse Projeto. Esse era aquele Projeto
que tinha coisas maravilhosas que precisavam, Ver. Beto Moesch, ser
imediatamente aceitas pela Casa e que tinha alguns contrabandos que eram
absolutamente inaceitáveis, um dos quais reavaliava a Planta de Valores de
vários imóveis de Porto Alegre em valores significativos, que acabamos contando
até com a compreensão da Bancada do Partido dos Trabalhadores para que fizesse
essa reavaliação de forma progressiva ao longo de cinco anos, tamanho era o
disparate que continha os reflexos absolutamente certos que a matéria continha.
Agora,
Sr. Presidente, nesse cipoal de emendas, Ver. Luiz Braz – V. Ex.ª que é atento
e zeloso edil desta Cidade –, surge uma Emenda do Ver. Isaac Ainhorn, que foi
na redação final parar no art. 5.º em que em tantos benefícios, isenções, etc.,
ele incluiu uma, que, aliás, historicamente já deveria estar respondida, porque
esta Casa já entendeu, oportunamente, de isentar os boxes residenciais do recolhimento
da taxa de lixo, ficando nessa pendência os boxes comerciais, que são, no meu
entendimento, equivocadamente tributados. Para essa exclusiva Emenda, vem o
Executivo dizer que é ilegal, que fere a iniciativa do chefe do Poder Executivo
da Cidade. Ora, quando a Câmara faz Emenda ao Projeto e ajeita uma forma de
aumentar a arrecadação do Município tributando mais de mil faces de
quarteirões, cerca de treze mil imóveis na Cidade, não estamos ferindo
iniciativa nenhuma! Mas, quando saímos em defesa do contribuinte - e fez muito
bem o Ver. Isaac Ainhorn ao propor a Emenda -, ferimos a iniciativa. Mas que
diabo de iniciativa é essa? O que estamos é resguardando o contribuinte da
iniciativa do Prefeito de fazer o mal, de cobrar inadequadamente, de espoliar o
contribuinte municipal; o que queremos é proteger o contribuinte, corrigir
distorções. Quando a Emenda do Projeto surge, estamos sendo equivocados,
estamos construindo situações que ferem a Constituição Federal, a Lei Orgânica
do Município e os princípios gerais do Direito! Vamos parar um pouco! Eu vou
dar um desconto face à manifestação do Ver. Marcelo Danéris, que propõe uma
“bandeira branca” e propõe fazer uma composição com o Ver. João Carlos Nedel e
com o Ver. Isaac Ainhorn, mais uma das tantas composições que esta Casa tem
feito, as quais eu aplaudo, porque esta tem de ser uma Casa de entendimento.
Não sei se o Ver Isaac Ainhorn vai aceitar essa “bandeira branca”. Afinal,
estamos precisando de “bandeira branca” num mundo que vive falando em guerra. Mas,
pessoalmente, eu quero, Ver. Elói Guimarães, convocá-lo, porque V. Ex.ª é meu
soldado nessa luta, porque não se pode discriminar a capacidade do Vereador. Ou
nós podemos dispor, pelas Emendas - a isso nos autoriza a Lei Orgânica do
Município, e o fazemos para agradar o Executivo muitas vezes, e para
desagradá-lo em outras tantas -, ou então não se pode dispor. Aí nós caímos
naquilo em que eu, de certa forma, me equivoquei sobre a proposição do Ver.
Ervino Besson. Ou nós temos a capacidade de dispor - e temos -, ou nós não
temos o que fazer nesta Casa. O Vereador fez bem: dispôs, e dispôs no interesse
do contribuinte. Eu estou com ele porque ele está correto na sua posição.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Isaac Ainhorn está solicitando
troca de tempo com o Ver. Luiz Braz.
O Ver. Luiz Braz está com a
palavra para discutir o PLCE n.º 004/02, com Veto Parcial.
O SR. LUIZ BRAZ: Sr. Presidente, Sr.as
Vereadoras e Srs. Vereadores, não quero deixar passar em julgado uma afirmação
que foi feita na discussão dessa matéria, até por que estamos sendo vistos por
muitas pessoas através de um canal de televisão, já que o Canal 16 retransmite
as Sessões da Câmara Municipal. Tenho a certeza de que foi um equívoco na
discussão, quando, num aparte, o Ver. Isaac Ainhorn, que é um professor de
Direito, afirmou o seguinte: “Isso não é uma isenção, é uma exclusão.” Não está
correto o Ver. Isaac Ainhorn, na minha opinião, e de acordo com aquilo que eu
conheço de Direito Tributário. Se não fosse uma isenção, se não fosse um
benefício, o que poderia não gerar nenhum direito a tributo seria uma
imunidade, que deveria constar da Lei Orgânica do Município, assim como as
imunidades constam da Constituição Federal. Quando temos um tributo e queremos
retirar de alguém o dever de pagar esse tributo, aí nós estamos diante de uma
isenção. É claro, não deixa de ser uma exclusão, porque nós estamos excluindo
esse alguém de pagar aquele tributo, mas a figura jurídica correta é a figura
da isenção. Então nós temos várias pessoas, físicas ou jurídicas, pagando, mas
nós queremos retirar uma camada. Estamos aí diante de uma isenção. Seria a
mesma coisa que exclusão, mas a figura que foi utilizada antes se assemelha
muito mais a uma imunidade, que deve estar constando na Lei Orgânica do
Município ou na Constituição Federal.
O Sr. Elói Guimarães: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Eu estou acompanhando a análise e o raciocínio de V. Ex.ª e
ponderaria que as duas figuras - a isenção tributária e a exclusão tributária -
são dois institutos do Direito Tributário. A isenção ocorre quando existe o
fato gerador, a necessidade da existência do tributo. Então se isenta o que tem
fato gerador. A exclusão tributária, no meu entender, é a inexistência do fato
gerador. É uma exclusão. Não existe no mundo tributário a figura; logo não pode
incidir, logo não pode haver o fato gerador.
O SR. LUIZ BRAZ: Ver. Elói Guimarães, V. Ex.ª é um
Procurador do nosso Município. V. Ex.ª fala sobre a figura da imunidade; V.
Ex.ª não fala sobre a figura da isenção. Se V. Ex.ª procurar no contexto das
leis, não vai encontrar, pelo menos na área tributária, dentro da descrição que
V. Ex.ª faz, a figura da exclusão; vai encontrar a figura da isenção. A isenção
é exatamente isso: várias pessoas estão inseridas num determinado campo, mas o
grupamento vai ser isento; por essa ou por aquela razão fica isento. É claro
que não estamos entrando no mérito da questão; estamos apenas entrando na parte
técnica do assunto que estamos discutindo. Mas é importante, porque, afinal de
contas, se ele não vai influir, decisivamente, no nosso voto, ele, pelo menos,
de alguma forma, deve ser votado com uma noção correta daquilo que está sendo
discutido aqui nesta tarde. Correto, Ver. Elói Guimarães?
O Sr. Elói Guimarães: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Eu prefiro não dar prosseguimento ao debate, mas vamos voltar a
tratar do assunto.
O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Ver. Luiz Braz, o Ver. Pedro Américo Leal
se inscreve e cede o seu tempo a V. Ex.ª, se o Ver. Isaac Ainhorn permitir.
(Pausa.) O Ver. Isaac Ainhorn permite.
O SR. LUIZ BRAZ: Eu agradeço ao Ver. Pedro Américo Leal,
por esta gentileza, e ao Ver. Isaac Ainhorn. Eu até pedi ao Ver. Isaac Ainhorn
para eu vir antes, porque, como eu queria fazer este comentário e era a
respeito de uma afirmação que havia sido feita pelo Ver. Isaac, eu não queria
cometer a descortesia de vir depois do Vereador. Eu queria que ele tivesse a
oportunidade de fazer um comentário sobre esta questão.
O Sr. Juarez Pinheiro: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Presidente, eu peço que V. Ex.ª acresça um tempo ao Ver. Luiz Braz
para ele não ficar prejudicado. Ver. Luiz Braz, se, por acaso, não houvesse
fato gerador para ser cobrado do contribuinte um imposto, haveria uma
ilegalidade, que caberia ser combatida por um Mandado de Segurança, que é usado
em casos de ilegalidade ou abuso de poder. Se não houvesse fato gerador, seria
ilegal a cobrança. Eu queria que V. Ex.ª abordasse isso, que acho que é
importante.
O SR. LUIZ BRAZ: Ver. Juarez Pinheiro, aí está o problema.
O problema está em como a Lei está hoje escrita no nosso arcabouço jurídico.
Ela entra na nossa legislação, forçando o administrador a fazer uma cobrança
que é extremamente injusta em determinados casos. Eu até não digo, Ver. Juarez
Pinheiro, que isso seja um ato ilegal por parte do administrador. O
administrador do Município está utilizando o texto legal que ele tem a sua
disposição para fazer essa cobrança, mas acaba gerando injustiças. Vou dar um
exemplo. Nós temos, aqui, presente, o dono de um conjunto de boxes. Esses boxes
não geram nenhum tipo de lixo, mas o dono acaba pagando, não apenas pela sua
testada. Por causa da forma como está escrita a Lei, se ele tiver quarenta
boxes, ele acabará pagando quarenta testadas do seu imóvel. Isso significa que,
se ele tivesse um boxe apenas, ele pagaria um imposto. Como ele tem quarenta
boxes, mesmo tendo uma frente só, uma testada só, ele vai pagar quarenta
testadas, mas é a forma como está escrita a Lei. Poderia ter sido feita uma
interpretação por parte do administrador? Eu acredito que sim; acho que o
administrador tem o texto à sua disposição. Não é ilegal a cobrança que ele
está fazendo, mas ele poderia, com certeza absoluta, fazer uma interpretação à
legislação, e acabar tentando, pelo menos, corrigir, através da execução, a
injustiça que é feita. Como isso não é possível, como o administrador, até
agora, resolve cobrar, de acordo com uma interpretação extensiva, fazendo com
que, de repente, as pessoas que têm boxe acabem pagando muito mais do que o
necessário pela taxa de lixo, então, é claro que, primeiramente, precisamos
corrigir esse desvio de interpretação, ou esse excesso interpretativo. E como
vamos fazer isso? Vamos fazer isso, exatamente, aprovando o texto do Ver. Isaac
Ainhorn, que isenta esses boxes do pagamento. É preciso, primeiramente,
isentar. Será que a isenção cometerá uma justiça? Também não, a isenção também
comete uma injustiça, porque, afinal de contas, têm muitos desses boxes que
acabam gerando algum tipo de resíduo e têm de pagar, então, algum tipo de taxa,
só que não da forma como está sendo feita hoje. Então, o que pedimos? Que o
Executivo Municipal, após a derrubada deste Veto, mande para esta Casa um novo
texto para que esta Casa possa estudar e discutir com o Executivo um novo
texto, para que possamos cobrar a taxa de lixo desses boxes. E está aqui o Ver.
Darci Campani, ocupado com outros contatos, mas, é claro que, devemos discutir
essa taxa de lixo no seu todo. Seria muito bom que o Executivo Municipal
pudesse mandar para esta Casa um novo texto para que nós pudéssemos rediscutir
a maneira como é cobrada a taxa de lixo hoje. A taxa de lixo não faz só
injustiça, hoje, da forma como ela é cobrada, para os proprietários de boxe,
mas também faz injustiça para algumas residências, que acabam pagando muito
mais do que o necessário, e, às vezes, injustiça também, porque algumas pessoas
pagam menos do que o necessário. Nós temos que reescrever esse texto, e as
pessoas deveriam pagar esta taxa de lixo pela quantidade de lixo que
produzissem.
Nós
vamos encaminhar esse assunto pela derrubada deste Veto, que eu acho que hoje
vai ser difícil neste Plenário, que eu vejo quase vazio do lado oposição. Mas,
nós vamos encaminhar pela derrubada do Veto.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Isaac Ainhorn está com a palavra
para discutir o PLCE n.º 004/02, com Veto Parcial.
O SR. ISAAC AINHORN: Sr. Presidente, Sr.as
Vereadoras e Srs. Vereadores, na realidade, estamos, já há muitos anos, nesta
luta, neste tema que envolve IPTU e taxa do lixo. Nós temos alguns
posicionamentos em relação a essa matéria. Veja V. Ex.ª, Sr. Presidente, que há
muito nós lutamos para que os boxes, de maneira geral, sejam excluídos da
incidência da taxa do lixo. Nós sabemos, Srs. Vereadores, que, do ponto de
vista do Direito de Propriedade, o boxe tem duas hipóteses: ou ele é
incorporado, por ocasião da incorporação imobiliária, ou ele é incluído dentro
da área global do imóvel. Existem casos em que o boxe está inserido dentro de
uma única matrícula imobiliária. Há casos em que o boxe é individualizado, com
matrícula independente. Mesmo em um edifício que tenha um apartamento e daquele
apartamento corresponde um boxe na área da garagem, se há duas matriculas, o
proprietário, Ver. Elói Guimarães, V. Ex.ª é um homem ligado às Ciências
Jurídicas, pode alienar o apartamento e permanecer com o boxe ou vice-versa,
alienar o boxe e permanecer com a outra propriedade, porque são duas
matrículas.
Agora, o que está em discussão, aqui - e remonta essa
discussão ao ano de 1990, quando era Prefeito de Porto Alegre o Sr. Olívio
Dutra... Num dos nossos debates sobre IPTU, este Vereador apresentou uma Emenda
que excluía da incidência da taxa do lixo os boxes residenciais e comerciais.
Naquela
ocasião, um Vereador que se intitula marxista, mas que não conseguiu se
libertar ainda da concepção de que a atividade comercial é um pecado... Ele,
embora se diga marxista, embora assumido como marxista, ainda está vinculado a
uma concepção medieval, pela qual o comércio era uma atividade vil, o comércio
era pecado. Ele não se libertou disso. Quando este Vereador apresentou a
Emenda, no ano de 90, ou 91, ele
apresentou uma Subemenda supressiva ao comércio. Aliás, tem muito marxista e
muito comunista que ainda está vinculado à concepção tomista do pecado,
aristotélico/tomista, e esse Vereador não se libertou. Para ele o capital é
pecado, não conseguiu compreender a economia de mercado. Então, na realidade,
ele não conseguiu se libertar dessas concepções aristotélico/tomistas,
especialmente essa, Vereador, de que a atividade comercial é uma atividade vil,
uma atividade espúria, que, na época, não podia ser exercida por sacerdotes,
por nobres, pela nobreza. Então, essa concepção fez com que ele diga: “Ah, boxe
comercial, isso aí não pode, tem de pagar taxa.” E está cometida a injustiça. A
Lei ficou estabelecendo só “boxe residencial”, porque foi aprovada a Emenda
supressiva do comercial. Eu acho o seguinte: hoje, a maior parte dos boxes
pagam de taxa do lixo, duas, três vezes mais do que o Imposto Predial do boxe.
Se querem dizer que o boxe residencial ou comercial paga pouco IPTU, se majore
o IPTU dos boxes.
Agora,
argumentar, no sentido de que o boxe tem de pagar taxa de lixo é uma notória
ilegalidade, que nós estamos corrigindo. E quando esta Casa derrubar o Veto, eu
tenho a convicção de que, se o Executivo Municipal intentar a argüição de
inconstitucionalidade, não vai levar no Tribunal, nem liminar vai levar.
Por
isso, eu entendo que essa matéria é o restabelecimento de uma medida isonômica
de justiça. Se os residenciais estão excluídos da taxa de lixo, porque não
geram lixo, também os comerciais. Qual é a diferença? Apenas a forma jurídica
da incorporação imobiliária. É apenas isso. Obrigado, Vereador.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Darci Campani está com a palavra
para discutir o PLCE n.º 004/02, com Veto Parcial.
O SR. DARCI CAMPANI: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, pena
que o Ver. Reginaldo Pujol não está no Plenário. Ele fez a sua intervenção, mas
infelizmente... Mas ele deve estar ouvindo lá no seu gabinete a minha
intervenção, ele não vai ter, provavelmente, o perigo de se repetir, pois esta
Casa, no dia 29 de dezembro de 1999, já rejeitou o que agora está aprovando, ou
que no ano passado aprovou e que estão alguns Vereadores estão aqui propondo a
derrubada do Veto. No dia 29 de dezembro de 1999, por 16 votos a 16, esta Casa
rejeitou um Projeto do Executivo que estendia aos boxes não-residenciais também
aquilo que já tinha sido concedido aos boxes residenciais. E aí na figura
jurídica perfeita.
Realmente,
o Ver. Luiz Braz vem aqui na tribuna, não sei se tentando fazer uma outra
discussão, mas pelo menos me chamou a atenção de mais uma imperfeição jurídica
na Emenda feita à Lei aprovada por esta Casa no ano passado, que realmente é a
questão da exclusão ou isenção. Está aí o Ver. Reginaldo Pujol que vai poder
lembrar se no dia 29 de dezembro de 1999 votou a favor ou contra a retirada dos
boxes não-residenciais, porque esta Casa já rejeitou isso uma vez, e, na
oportunidade em que rejeitou, rejeitou a figura jurídica correta. Primeiro, é
iniciativa do Executivo, não pode ser iniciativa do Legislativo; segundo, pela
Lei de Responsabilidade Fiscal, não pode ser retirada uma receita sem estar
previsto como será reposta. O que estava previsto no Processo que tramitou
nesta Casa sob o número n.º 3.610/99 esta Casa rejeitou.
O Sr. Isaac Ainhorn: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Vereador, eu só queria dizer que, com relação a esta matéria, Ex.ª
tem de ter presente que, quando eu apresentei esta Emenda, ela foi apresentada
junto com vinte Emendas que tinham os mesmos problemas. O Prefeito sancionou
todas, só vetou esta. Então, quer dizer que as outras não tinham vício de
iniciativa e não tinham repercussão financeira? Vejam uma outra Emenda deste
Vereador - não é nada contra este Vereador, mas contra a matéria tratada -
sobre o aumento da faixa de isenção dos aposentados. O Prefeito sancionou, e
ela envolvia a questão de redução de receita e envolvia iniciativa, e tantas
outras como do Ver. Reginaldo Pujol e de outros Líderes da Casa.
O SR. DARCI CAMPANI: O Executivo deve ter analisado e visto que,
nas outras alterações feitas, isso deve ter sido compensado. Nós não
entendemos, exatamente, por que esta mesma Casa uma hora rejeita, outra hora...
Quando era a forma jurídica correta proposta pelo Executivo, com as devidas
compensações, esta Casa rejeitou, agora que é a forma jurídica incorreta, esta
Casa está analisando a possibilidade de derrubada do Veto, e queremos ver a
coerência dos Vereadores que, em outra feita, votaram contra o que está sendo
solicitado aqui, e agora vêm a este Plenário defender o que votaram contra. Eu
não posso deixar passar a intervenção do Ver. Isaac Ainhorn, que tenta creditar
essa cobrança à Prefeitura de Porto Alegre, na Administração Popular, esta Lei
é a n.º 113/84. Em 1984, quem administrava a Prefeitura não era o PT nem a
Frente Popular. Essa cobrança vem desde a origem da Lei em 1984, está sendo
aperfeiçoada, passou por um primeiro aperfeiçoamento do Ver. Lauro Hagemann,
que apresentou Emenda, retirando os boxes residenciais e agora achamos,
perfeitamente, que pode ser - o nosso Líder já se comprometeu – também dada a
isenção. Tanto é que o Executivo já apresentou proposta aqui, só que
infelizmente a Câmara rejeitou. Podemos fazer de novo, da forma jurídica
perfeita.
O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Seu tempo esgotou, Ver. Darci Campani. O
Ver. Zé Valdir se inscreve e cede o tempo a V. Ex.ª para discutir o Veto
Parcial ao PLCE n.º 004/02, com a anuência dos Vereadores Beto Moesch, Cláudio
Sebenelo, Juarez Pinheiro, João Carlos Nedel e Sebastião Melo.
O Sr. Luiz Braz: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Ver. Campani, o art. 48 da Constituição acaba contrariando o que V.
Ex.ª afirma na tribuna. Lá está escrito que cabe ao Congresso Nacional legislar
sobre matéria tributária. Nós não poderíamos desmentir isso. Começou a surgir
uma dúvida com relação ao art. 61 da Constituição, que disse que era iniciativa
privativa do Presidente a matéria tributária. Mas aí tem uma continuação que
diz: “Nas questões dos territórios.” Então, posso afirmar a V. Ex.ª que,
inclusive no Supremo Tribunal Federal hoje é matéria pacífica: cabe iniciativa
dos Legislativos à matéria tributária.
O SR. DARCI CAMPANI: Não é o que consta aqui na argumentação
do próprio Veto. Há um acórdão que coloca que falta iniciativa na possibilidade
de tal Emenda. Então, no mínimo, é algum assunto que está em discussão. Não
existe talvez, como V. Ex.ª tentou passar, que é algo já resolvido. Pelo menos
aqui tem o Acórdão que fala da iniciativa privada do Chefe do Poder Executivo
Municipal, por ser de sua privativa atribuição atos de administração -
Constituição Estadual, art. 82, inc. VII. Ainda cita a Constituição Estadual,
art. 149, incisos II e III; Constituição Estadual, art. 10. Então, isso não é
matéria escrita pelo nosso Executivo, mas a transcrição de acórdão já julgado
de ação de inconstitucionalidade de outras emendas em relação à alteração da
taxa de lixo. Então, no mínimo, é um bom assunto para debate. O que a Bancada
de situação, em nome do Governo, está aqui propondo é que mantenhamos este
Veto. E eu quis trazer, com este outro Projeto de Lei, que já tramitou nesta
Casa, em 1999, e que a Casa decidiu por não aprovar, que já temos, claramente,
um posicionamento de isenção. E aí vem essa questão, conforme está na própria
Emenda, que fala em exclusão, porque o fato gerador existe, não se pode, por
lei, negá-lo, ou dizer que o fato gerador deixa de existir. O fato gerador
existe, e, se aprovarmos a exclusão, poderemos estar aqui criando uma nova
legislação, uma nova figura jurídica, que não sabemos onde é que vai dar. A
figura jurídica mais correta seria a isenção. A própria redação do artigo
contém um erro que podemos sanar voltando à proposta que tramitou nesta Casa,
no art. 10: “Serão equiparados aos imóveis de uso exclusivamente residencial,
para fins de cobrança da taxa de coleta de lixo, os espaços para estacionamento
não-residenciais e templos religiosos.” Inclusive havia Emenda da vossa lavra,
Ver. Luiz Braz, que deve estar lembrado. No total foram 27 Emendas ao Projeto,
e nós, que estávamos no Executivo, naquele momento, não conseguimos entender
por que não foi aprovado este Projeto de Lei, tendo em vista que foram feitas
27 Emendas ao Projeto, que tinha 25 artigos, incluindo aquele do tipo “esta lei
entrará em vigor”. Ou seja, um Projeto com 25 artigos recebeu 27 Emendas, e
esta Casa não aprovou, naquela época, a figura jurídica certa, que é a extensão
do que hoje já é dado aos boxes residenciais. A redação está com tanto vício na
sua origem, como a questão da constitucionalidade, e também a questão da
exclusão, que diz que fica “estendida aos proprietários de boxes comerciais a
exclusão”. Estende-se alguma coisa que já foi dada a alguém, só que a exclusão
não foi dada a ninguém, o que foi dada foi a isenção. Então, como estender uma coisa
que não foi dada? Realmente tem uma série de erros. Ela incide na Lei de
Responsabilidade Fiscal. No aparte do Ver. Isaac fica por parte do Executivo
fazer os cálculos para ver a repercussão e ver o que é que realmente tem volume
e pode ser aprovado, ou não. O Executivo não se tem mostrado insensível nessa
avaliação, mas naquelas que têm repercussão o Executivo tem de vetar,
infelizmente, e chamar a pessoa jurídica correta, que é a isenção, e também que
tem que ser de origem do Executivo.
Gostaria
de salientar, novamente, na conclusão da minha intervenção, que esta Lei emenda
a Lei de 1984, quando o governo não era da Administração Popular. Não foi a
Frente Popular que criou esta Lei que cobrava dos boxes. Então pediria aos
Vereadores de oposição que, ao assumirem a tribuna, não tentassem levar o
público que nos está assistindo a pensar que foi uma obra da Administração
Popular cobrar dos boxes não-residenciais. Já é a Lei de 1984. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Beto Moesch está com a palavra
para discutir o PLCE n.º 004/02, com Veto Parcial.
O SR. BETO MOESCH: Sr. Presidente, Sr.as
Vereadoras e Srs. Vereadores, este é um tema de fundamental importância. Nós
relatamos sobre o Código Municipal de Limpeza Urbana na Comissão de Saúde e
Meio Ambiente. Estava aqui o Ver. Darci Campani, que foi Diretor-Geral do DMLU
durante muito tempo, homem experiente no assunto. É claro que a sociedade deve
ser responsável pelos resíduos que gera, Ver. Luiz Braz. Nós temos um problema
sério de gestão de resíduos. Os maiores desafios das cidades do século XXI são
a gestão das águas e a gestão dos resíduos gerados. Esse é o grande desafio.
Nenhum país conseguiu resolver esse problema até hoje; temos apenas paradigmas melhores
e piores. Portanto, a sociedade que gera seus resíduos tem um custo. Só de
aterros sanitários, Porto Alegre gasta 11 milhões de reais por ano, por
resíduos que poderiam ser reaproveitados e que vão para o aterro sanitário. O
custo operacional, sem contar, Ver. Luiz Braz, os caminhões da coleta em si,
isto é, o custo apenas do aterro, é de 11 milhões de reais por ano.
O
cidadão que gera mais resíduos deve pagar mais que o que gera menos resíduos. O
que não separa os resíduos deve pagar mais, a nosso ver, do que aquele que
separa os resíduos. E aí vem justamente o problema da cobrança da taxa de lixo
– usando aqui uma expressão politicamente incorreta, digamos assim, deveria ser
taxa de resíduo, mas não vem ao caso agora – de boxes comerciais. Os boxes
geram ou não geram resíduos? Se geram, devem pagar. Mas, se não geram, nós
estamos cometendo uma injustiça e justamente indo na contramão dessa filosofia
do poluidor pagador, que é o princípio básico do Direito Ambiental brasileiro.
O Sr. Luiz Braz: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento
do orador.) O grande problema é como está escrita a Lei, porque, hoje, nós
cometemos o absurdo de cobrar essa taxa de lixo pelo tamanho da testada do
imóvel, quando, na verdade - V. Ex.ª está absolutamente correto -, tem que
cobrar pela geração do resíduo...
O SR. BETO MOESCH: Há que cobrar pela geração do
resíduo e não pelo tamanho.
O Sr. Luiz Braz: Com certeza.
O SR. BETO MOESCH: Então há um problema histórico aqui, que,
de uma vez por todas, nós temos que corrigir e que estamos, aqui, enfrentando.
Vejam
o que o artigo de “Opinião” - no jornal Folha
de São Paulo -, do Ver. José Mentor, do PT, Líder do Governo na Câmara
Municipal de São Paulo – em São Paulo, não existe taxa de lixo, estão querendo
implantar -, Líder do Governo da Prefeita Marta Suplicy, diz: (Lê.) “O modelo
defendido pelo Governo Municipal é socioambiental e economicamente viável e tem
por base a justa divisão de custos, dando crédito ao cidadão para que ele possa
declarar o quanto efetivamente produz de resíduos e, portanto, o quanto deve
contribuir para o sistema.” É isso! O próprio PT de São Paulo está dizendo
isso, e não poderia ser diferente! Deve-se cobrar pelo volume de resíduos
gerados e se esse volume foi - e acrescento - ou não separado. E, aí, estamos
sendo justos com os demais e colaborando com uma gestão ambiental em Porto
Alegre, que, com todo o respeito, é ineficaz na cidade de Porto Alegre, porque
comete erros históricos como esse que estamos debatendo aqui hoje: cobrando de
quem não deve e deixando de cobrar, muitas vezes, de quem, efetivamente,
deveria. Sem falar, é claro, de uma inexistência na grande mídia, na tevê, no
rádio, nos jornais, de matérias sobre a importância da educação ambiental, que
também não existe em Porto Alegre! Existem as campanhas lucrativas, pontuais,
menores. E aqui, o próprio Líder do Governo do PT, em São Paulo, coloca que se
vai procurar instruir e orientar os cidadãos, com a taxa de lixo que querem
implantar em São Paulo, sobre como descartar, reciclar e reduzir resíduos e
contribuir com a melhoria de qualidade de vida na Cidade e, assim, pagar menos
imposto. Ou seja, Ver. Darci Campani, o que eles estão defendendo lá é o que
nós defendemos também aqui: fazer-se uma ampla educação ambiental usando os
recursos da própria taxa de lixo – é o que ele está dizendo aqui –, para formar
o cidadão, porque ele, sabendo que pode separar os resíduos, vai contribuir com
o sistema e pagar menos taxa.
O Sr. Darci Campani: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Ver. Beto Moesch, quero reforçar que o Executivo também acha que
tem que ser retirado, tanto é que, em 1999, mandou o Projeto de Lei e aí, que
eu me lembre, V. Ex.ª estava de Vereador naquela data, o Ver. Pedro Américo
Leal estava de licença, V. Ex.ª estava de Vereador e, na época, votou contra a
mesma coisa que, neste momento, está defendendo.
O SR. BETO MOESCH: Mas nem poderia ser diferente! Lá,
aumentava-se a taxa para quem separava os resíduos! Pagaria 30% a mais do que
paga hoje! Então, nós não temos como defender em cima de uma filosofia como
essa, Ver. Darci Campani. Depois nós vamos ter tempo para debater isso.
O Sr. Darci Campani: (Aparte inaudível, fora do microfone.)
O SR. BETO MOESCH: Bom, eu era Vereador Suplente e assumi no
mesmo dia, Ver. Darci Campani, e não tinha condições, infelizmente, de fazê-lo.
Mas, como Vereador Titular, fiz mais de trinta emendas ao Código Municipal de
Limpeza Urbana, justamente, para contribuir e enfrentar essa questão crucial!
Agora, não há nexo causal na cobrança de boxes de estacionamentos comerciais!
Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Juarez Pinheiro está com a palavra
para discutir o PLCE n.º 004/02, com Veto Parcial.
O SR. JUAREZ PINHEIRO: Sr. Presidente, Srs. Vereadores e Sr.as
Vereadoras, esta discussão precisa colar um pouquinho com a realidade. Nós
temos aqui três situações objetivas que estão sendo apreciadas. A polêmica se é
isenção ou se não é. Na verdade, a não-incidência da norma no fato gerador não
vai retirar a inconstitucionalidade da matéria. Sobre isso, eu queria fazer
duas ou três considerações. Em primeiro lugar, não existe a cobrança de um
tributo, Ver. Luiz Braz, se não houver fato gerador; não haveria legalidade
para cobrança de um tributo. Em segundo lugar, a hipótese de isenção de
tributo...
O Sr. Luiz Braz: V. Ex.ª permite um aparte?
O SR. JUAREZ PINHEIRO: O Vereador já falou 10 minutos, eu
preciso expor, agora, a minha tese. No final, lhe dou um aparte. A hipótese de isenção significa que
existe um fato gerador, existe a norma, que se conforma abstratamente com o
fato gerador, que é um fato da vida real, e não há o lançamento. E aí não há,
então, a geração da obrigação.
A
tese do Ver. Isaac Ainhorn é diferente: ele quer fazer com que não haja a
incidência da norma sobre o fato gerador, diferentemente da isenção, em que
existe o fato gerador, o fato concreto, existe a norma abstrata, que incide
sobre o fato concreto e não há o lançamento, e não há a obrigação tributária.
No caso, a hipótese aqui é de afastar a incidência da norma sobre a vida real,
sobre o fato gerador. Agora, sem fato gerador não existe tributo. Essa é a
primeira questão sobre a qual é importante fazer a distinção.
Para
este debate ter um pouco de realidade, para as pessoas que estão em casa nos
assistindo - eu nunca me dirijo a elas, vou fazer isso agora -, a preocupação
daqueles que têm boxe em áreas não-residenciais, em prédios não-residenciais é
de que vai ou não a Câmara de Vereadores, junto com o Poder Executivo, constituir
uma possibilidade de evitar a incidência da norma sobre o fato concreto? Isso
foi dito nas palavras do Líder da Bancada. Ou seja, sendo isenção, sendo o
afastamento da incidência da norma, diminui a receita. Diminuindo a receita, é
inconstitucional. Isso está claro para todo o mundo. É para todos os que nos
estão assistindo.
Então,
esse tiroteio verbal não serve para nada, é mais para diletantismo dos nobres
Edis desta Casa. O que interessa para as pessoas é fazer análise material,
análise perfunctória, ou seja: qual é a posição do Executivo Municipal, do
Poder Legislativo? E isso foi dito pelo Ver. Marcelo Danéris. Ou seja, não
adianta derrubarmos este Veto, porque, derrubando este Veto, a matéria é
absolutamente inconstitucional, não vai gerar para o contribuinte a
possibilidade de não ser dele cobrada a taxa de lixo. Isso é uma demagogia que
serve para a oposição buscar desgastar o Governo, mas que não serve para a
população - isso tem que ficar bem claro. O que serve para a população é manter
o Veto do Prefeito e cobrar do Líder do PT, do Governo, das Bancadas de
oposição que, consensualmente, estabeleçam uma iniciativa para que não haja a
incidência da norma, a norma abstrata sobre o fato real, Ver. Luiz Braz.
Essa
é a questão, ou seja, sendo ou não isenção - e não se trata de isenção,
trata-se da não-incidência da norma, não é gerar a obrigação tributária -, há
uma diminuição da receita. Isso está claro em vários dispositivos da
Constituição Estadual, da Constituição Federal e da Lei Orgânica do Município:
que é absolutamente incondicional.
Então, o que interessa
materialmente para a Cidade, a partir do momento em que há um consenso no
sentido de que esses espaços, esses imóveis, Presidente, não geram lixo...
Então é injusta a cobrança da taxa, na maior parte dos casos. Sendo injusta,
mesmo que exista ato gerador, mesmo que exista incidência da norma, nós
entendemos que não deva ser cobrada a taxa. Mas a única forma de isso ter vida,
ser cristalizado, beneficiar o contribuinte, é nós mantermos o Veto e cobrarmos
do Ver. Marcelo Danéris, que colocou aqui, em nome do Governo, o nosso
compromisso, Ver. Luiz Braz, de constituir uma proposta e vir sem qualquer
mácula para esta Casa.
O Sr. Luiz Braz: V. Ex.ª permite um aparte?
O SR. JUAREZ PINHEIRO: Sim, mas o meu tempo acabou. Muito
obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. João Carlos Nedel está com a
palavra para discutir o PLCE n.º 004/02, com Veto Parcial.
O Sr. Luiz Braz: V. Ex.ª permite um aparte?
O SR. JOÃO CARLOS NEDEL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, vou
iniciar minha fala com o aparte do Ver. Luiz Braz.
O Sr. Luiz Braz: Ver. João Carlos Nedel, agradeço a V.
Ex.ª. Havia um tributarista famoso, já morreu, mas é ainda um dos mais
considerados nos dias de hoje, chamava-se Geraldo Ataliba; ele escreveu uma
obra pequenina, fácil de ler – fácil porque de poucas folhas, de duas páginas
-, mas de grande conteúdo chamada Hipótese
de Incidência. Nessa obra, Hipótese
de Incidência, ele descreve o momento em que realmente o cidadão começa a
dever imposto, o momento em que realmente gera, para ele, esse imposto, essa
obrigação tributária.
Imagine
V. Ex.ª que, para esse cidadão que paga esta Taxa do Lixo, o que deveria
acontecer, no momento em que ele começasse a gerar o lixo, aí deveria ser a
hipótese de incidência. Mas não, ele não precisa gerar nada, ele já vai pagar,
gerando ou não. Então, esse é o equívoco que temos atualmente, que temos que
corrigir e, por isso, temos que derrubar esse Veto, pois acredito justa a
isenção nesse caso.
O SR. JOÃO CARLOS NEDEL: V. Ex.ª só me ajuda, porque é um douto
na matéria e precisamos, esta Câmara precisa recuperar, sanar essa injustiça de
muito tempo. O ilustre Líder do PT, Ver. Marcelo Danéris, muito falaz, tem uma
facilidade imensa para se expressar – e tenho inveja por não ter esse seu
preparo para um belo discurso. V. Ex.ª é preparado para os embates, para a
retórica política e V. Ex.ª veio aqui e assumiu um compromisso público com esta
Câmara. Fiquei tentado, realmente, a aceitar esse compromisso público de V.
Ex.ª, porque sei que V. Ex.ª cumpre seus compromissos. Mas o Ver. Darci Campani
me alertou: eu fui um dos que votou contra essa matéria há quatro anos. Votei
contra, Vereador, porque o Prefeito colocou no Projeto que daria essa isenção,
essa não-incidência, mas aumentava as tabelas de contribuição e, em alguns
casos, em até 80%. Ora, não posso ir contra o bem-comum, o bem da população de
Porto Alegre, beneficiar, sim, ser justo com os boxes e aumentar 80% da taxa de
lixo para um segmento grande da nossa população. E o Ver. Beto Moesch lembrou
que justamente nesse dia ele assumia a titularidade, e teve uma atuação
brilhante em nossa Câmara. Portanto, tenho dificuldade, Ver. Darci Campani, em
acreditar no Executivo. O que o Executivo está pensando? O que ele quer tomar
da população? Dá essa não-incidência e toma o que, um monte? De onde?
O Sr. Darci Campani: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento
do orador.) V. Ex.ª participa de um partido que tem outras administrações em
Porto Alegre, inclusive na associação de partidos que foram trocando de nome
por uma questão até legal. Foi o Partido que criou a taxa de lixo na cidade de
Porto Alegre e que iniciou a cobrança dos boxes na cidade de Porto Alegre. V.
Ex.ª tem a responsabilidade nas outras cidades, em outros Estados inclusive,
creio eu, de, ao extinguir, ao reduzir a receita de algum lugar, pegar a
receita de outro lugar; senão só existe uma alternativa: reduzir os serviços.
Isso eu acredito que V. Ex.ª não queira para a cidade de Porto Alegre, porque é
um dos brilhantes críticos à administração, até sobre a qualidade do serviço
que se presta, hoje, na Cidade. Creio que V. Ex.ª não deve estar aqui
defendendo esse desserviço à população de Porto Alegre.
O SR. JOÃO CARLOS NEDEL: Este Vereador tem compromisso, sim, com
esta Cidade. E se nós cobramos a taxa de lixo é porque foi uma taxa muito
importante. Se cometemos algumas injustiças, estamos dispostos a rever essa
injustiça e precisamos da colaboração e da responsabilidade do Executivo e da
Bancada do PT nesta Casa. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Visivelmente não há quórum para continuar
a discussão. A Mesa suspende a discussão.
Estão
encerrados os trabalhos da presente Sessão.
(Encerra-se
a Sessão às 18h21min.)
* * * * *